Lupas (457)

Além de pouco oferecer à linguagem com plot twists estapafúrdios, Marcos Jorge confunde crítica ao sistema burocrático com apologia à justiça feita com as próprias mãos.

Nada melhor que uma adaptação de Lovecraft para Dan O'Bannon louvar o trash.

Simbologias imagéticas e metafóricas não escondem a fragilidade narrativa gritante – quem não consegue mostrar, insistentemente diz – e a afetação estética - narcisista, exaure paulatinamente uma beleza visual - de Makoto Shinkai.

Adia o confronto final para que na angústia da espera os personagens sejam desenvolvidos em uma trama de companheirismo e redenção, que não se limita ao tempo comprimido da narrativa, estendendo-se ao passado e até ao futuro dos envolvidos.

Ernest Lehman se abstém da realidade em prol do cinema, como em "Intriga Internacional". A diferença é que Hitchcock não está na direção, e sim Mark Robson, que, neutro, permite que Paul Newman roube a cena e comande o filme com sua persona.

www.philamuseum.org/collections/permanent/51288.html

"just an ordinary trip down to a grocery store was full of adventure"

Alterna entre a homenagem e a sátira baseadas em um contexto histórico. Mas o filme não é muito sem todo esse embasamento, aparentemente os filmes hipotéticos seriam melhores que o próprio "Ave, César!". É pra cinéfilo? Talvez, mas a comédia atinge todos.

Pasolini remete ao neorrealismo italiano ao focalizar a marginalização social. Isso até a sequência do sonho - visualmente semelhante, mas conceitualmente oposta - começar, instante em que o cineasta eleva seu filme e o desvincula da mera crítica.

Moretti balanceia seu filme entre realidades paralelas e tempos distintos da vida (a montagem é vital), enquanto Buy transita entre o que ela é e o que ela atua. E, organicamente equilibrado, o roteiro sustenta o drama, a comédia e a homenagem ao cinema.

No filme seguinte de Audiard, "O Profeta", sua linguagem amadureceria. Aqui, a partir de certo ponto, suas características visuais perdem a função diegética, tendendo à frivolidade e ao exagero. E o roteiro não suporta suas próprias nuances.

Carpenter pega "Assault on Precinct 13", "The Fog" e o Marilyn Manson e mistura tudo em um filme. É impossível isso ser ruim. Pena que é tão subestimado...