Lupas (1873)

É boa parte daquilo que 'Baronesa', de 2017, tentou ser. Eis o naturalismo de um cotidiano urbano brasileiro, feminino, negro, trabalhador e periférico, integrando então a graça que pode e reside, de fato, na humildade das coisas. Pequena pérola.

Você precisa assistir 8½ dez vezes para começar a dissecá-lo. Estou na sétima, ainda.

Um filme que quando acaba, leva consigo nossos corações. Não é irônico quando um épico sobre as circunstâncias do tempo se torna atemporal por suas próprias circunstâncias? A obra-testamento do mestre Ozu, um dos deuses do cinema oriental.

Conscientização social, a gente não vê por aqui.

'Kundun' é o 'Silêncio' de Scorsese, feito em 97. Com o simbolismo desses filmes sendo parcialmente despretensioso, ambos são quase que medíocres, no melhor uso da palavra. Rascunhos de luxo de um quadro mais potente, e que por pouco não tivemos acesso.

O mestre nos propõe decodificar cena por cena, e ao mesmo tempo, por ironia, preservar simbologias e suas cadências numa história tão forte quanto seu estilo sempre foi. Representante atual contra o lamento de 'não se fazem mais filmes como antigamente.'

O estúdio que enxotou Del Toro por diferenças criativas (e falta de lucro nos dois bons filmes da década passada) mereceu esse flop. Já prevejo mais 11 anos de geladeira pro pobre Hellboy - a maquiagem dele aqui é especialmente ruim. #VoltaDelToro

Sempre mais intenso que o outro vagabundo do seu tempo, Keaton, seu parceiro Arbuckle e suas gags estrelam este conto um tanto abobalhado sobre o lado cômico das relações de trabalho, um ano antes do seu primeiro curta realmente marcante, 'O Espantalho'.

Se para Carlitos um dia perfeito era na base da pilantragem, para a América de cem anos atrás tudo era otimismo e alegria, já que o futuro ainda estava por vir. Um celeiro de possibilidades que, um século depois, vem a precisar de um Chaplin, novamente.

Não sabia que a HBO tinha começado a fazer rascunhos de filmes bem-sucedidos. É eu sabia, mas pensei que tinham parado já que a Netflix faz esse trabalho na escala industrial de dez ou quinze vezes por semana.

Mórbida poesia cujo encantamento inicial não resiste, e então se arrasta, dada a sua gigantesca e excessiva duração, até os bons momentos derradeiros desse aborrecido e sisudo 'Magnólia'. Se algum filme precisa de 3h50min para existir, não é o caso desse.

Delirante, hipnotizante, místico, instigante, fabulesco... e eles acham que 'The Shining' é o melhor exemplo de tudo isso. Eis o que ostenta com facilidade irresistível, e atemporal, muito daquilo que praticamente todo suspense atual gostaria de ser.