Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet é mais um filme resultante da parceria entre Johnny Depp e o diretor Tim Burton (a qual já estou cogitando seriamente considerá-la como um gênero próprio, já que Deep/Burton pode servir, muito bem, para descrever um gênero de filme, como nome para um estúdio de gravação), onde somos levados a conhecer a estória de Benjamin Barker - mais tarde Sweeney Todd - por uma Londres sombria em busca de vingança contra um juiz que o afastou de sua amada muito tempo atrás.

Já deixei claro em um outro comentário o quanto adoro filmes musicais, mas esse, em particular, quase me fez sentir repulsa pelo gênero. Meu Deus, como os personagens cantam aqui, a mulher canta, o menino canta, Depp canta, em momentos achei até que os ratos do esgoto começariam a dar um show. Os atores enquanto cantam não são ruins, muito pelo contrário, estão muito preparados e o fazem muito bem, mas o problema é o excesso de canções. Em quase todo o momento uma canção é executada: o personagem senta em uma cadeira, começa uma canção. O personagem levanta, outra canção. O personagem respira, adivinhem, mais uma canção. Isso se tornou um incômodo durante a exibição e não favoreceu em muita coisa o longa.

A direção de arte desse filme se mostrou uma grata surpresa. Somos levados para uma Londres típica de Burton: um visual gótico, sombrio, pesado, melancólico, tudo feito de acordo com o estilo desse excêntrico diretor. Até a caracterização dos personagens reflete os gostos de Burton. A maioria dos personagens tem feições pálidas, olhar vazio e expressa sofrimento (não sei se fui o único que teve essa impressão, mas a forma com que Helena Bonham Carter foi caracterizada me lembrou muito uma outra personagem da atriz: Bellatrix Lestrange, da série Harry Potter).

Depp merece um parágrafo inteiramente dele. Ele já se mostrou muito capaz de representar personagens com as mais variadas e peculiares personalidades, e novamente ele faz um bom trabalho com esse Sweeney Todd. O personagem que possui uma das personalidades mais estranhas de todos os filmes de Burton que ora mostra afeto por uma criança, ora deseja matá-la, corta gargantas por simples passatempo, encontrou em Depp o interprete perfeito, pois acredito que nenhum outro ator conseguiria passar a carga de drama e esquisitice que o personagem pedia.

Sweeney Todd é mais um daqueles trabalhos de Tim Burton que opta por certa dose de horror e tensão, coisas comuns nos trabalhos do diretor e que torna seu estilo tão único. O filme não é ruim, longe disso, é interessante, excêntrico e tem sua carga dramática, mas da próxima vez não esqueçam de dizer à Burton: "Por favor, pegue leve na quantidade de canções!". Acredito que todos agradecerão à isso.