Lupas (6345)

Del Toro abusa da crueldade para narrar uma fábula cuja narrativa não acrescenta ao visual deslumbrante e onírico.

Um desperdício de tempo com um fiapo de trama que não se justifica como cinema.

Um filme fragmentado, que poderia render mais, e cujo interesse é despertado pelos bons desempenhos de Romain Duris e Juliette Binoche.

Um filme que não deixa pedra sobre pedra, cujo aparente happy end é apenas o prenúncio de uma longa e trágica jornada noite adentro.

A grande questão levantada pelo cineasta é: até que ponto a sorte responde por aquilo que nos acontece ou que deixa de nos acontecer?

Nada como acompanhar uma história muito bem contada, com sabor de alegria e uma dose de lágrimas de comoção. Unindo esse dois polos aparentemente antagônicos, a dupla de diretores exibe um conto para toda a família, capaz de gerar identificação.

Fugisse um pouco da condução protocolar, teria sido uma obra importante sobre o deslocamento humano na urbe.

Pulsante, belo e lindamente imagético.

É notável a associação entre o esmero formal e a construção de uma trama consistente, que não se atém apenas ao receituário prescritivo de tantos outros filmes infantis.

É um filme fora do padrão Mendes porque destila humor numa escala acima do habitual para seu estilo feroz, o que funciona como um atestado de seu ecletismo.

Um tratado dos erros de cada um e do sufocamento que a aparente falta de saída gera naqueles que não se reconhecem mais em si mesmos.

Provavelmente, um enorme ponto de interrogação acompanhará o público ao final da sesão. De uma história chamada "Dúvida", não se poderia esperar outra característica.