Lupas (6345)

Nem só de boas atuações e bom roteiro viverá um filme...

Pessoas cujas vidas são como a minha ou a sua, ventos passageiros que deixam pequenos rastros e cujas canções marcantes são a tradução de toda uma história particular.

Não há nada de memorável, mas os protagonistas carismáticos e afáveis garantem o interesse pelas suas aventuras.

Um marco do cinema do final da década de 90 orquestrado com diligência por James Cameron e ornado pela presença refulgente de Kate Winslet, em ótima simbiose dramática com Leonardo DiCaprio.

Uma trama de ritmo lento, mas não claudicante, que procura desvendar os meandros do apego de um indivíduo a algo fantasioso, que existe apenas em sua imaginação.

A tese de que não somos nada diante de tudo que há no mundo é reforçada. De um modo poético, longe de um final no esquema hollywoodiano.

É cinema autoral, que não se faz preocupado em arrebatar grandes platéias, e que deleita olhos enfadados de efeitos visuais escalafobéticos.

Seu final abrupto é a coroação de um trabalho que nunca segue pelo caminho mais fácil, e revolve feridas que muitas vezes as pessoas lutam para manter escondidas, encobertas pelo silêncio.

Tem uma arquitetura visual ímpar, valorizada pelo jogo de luz e sombras trazido com o preto e branco, que compensam totalmente a trama corriqueira e sem grandes emoções.

Diversão agradável com referências à moda antiga e um trio central em bons desempenhos. Não chega a ser espetacular, mas alcança o objetivo de entreter.

De muito longe, o filme com o qual mais me identifiquei.

Seu jogo cênico com movimentos ora simples ora intrincados se soma a uma fotografia esplêndida e magneficente.