Lupas (175)

O filme não apresenta respostas fáceis, ele trata suas relações quase que como uma fábula mas com todas emoções fundamentadas na realidade. Somente Kore-eda poderia escrever um drama familiar tão singelo, mantendo-se inapelável e lidando com laços familiares que não podem ser rompidos.

Mesmo repetindo o tema (e não obtendo a profundidade emocional de 'Ninguém Pode Saber, 2004' e 'Andando, 2008'), toda performance funciona, todo personagem se encaixa, toda observação soa verdadeira. Kore-eda mais uma vez consolidou seu status como um dos melhores expoentes do cinema japonês contemporâneo.

O filme não sabe conciliar todos seus temas, perdendo muitas vezes seu foco e fazendo parecer com que tenha muito mais do que apenas 120 minutos. Nem mesmo o ótimo segmento final foi capaz de salvar essa obra.

O primeiro erro de Kore-eda. As cenas são arrastadas e os temas repetitivos. A ideia de subverter o gênero dos filmes de samurai é boa mas a execução não.

O mais bonito é ver como o roteiro une os personagens conectados com o trágico suicidio coletivo. Esses que não teriam nada em comum e pouco a dizer um ao outro possuem uma conexão forte e sincera. Mesmo que a narrativa seja lenta e o filme não consiga retirar totalmente a antipatia dos membros do culto, é uma bela obra sobre luto e relações humanas.

Reflexivo e contemplativo, "Depois da Vida" nos direciona para o que é maravilhoso na vida e na forma de viver, e, na morte, ficam as memórias. Filme que permanece na mente por muito tempo após a exibição.

Um filme sentimental sobre a vida e a morte. Desenvolve bem a narrativa sem a necessidade de uma estrutura tradicional de enredo.

Kore-eda tem um talento único para nos fazer sentir as mesmas dores emocionais que as crianças, desdobrando com simplicidade um episódio que vai da vida real para uma fábula minimalista. Estive imerso e fascinado na estranha comunidade criada pelas crianças.

Sem entender porque Nemes foi pra um lado tão oposto ao de Son of Saul, fazendo um filme nada imersivo e até chato. É difícil até de assistir.

"Sniper Gaúcho"

'Rashomon' é o exemplo perfeito de como utilizar no cinema uma ambiguidade narrativa. A verdade de um não é necessariamente a verdade do outro e o filme explora isso muito bem mostrando a falta de confiabilidade da memória humana de curto prazo, particularmente das múltiplas testemunhas em uma cena de crime, que também são possíveis vítimas ou perpetradores.

Uma verdadeira obra-prima que demonstra um nível imenso de humanidade e sensibilidade a partir do olhar do coração de um homem acusado de um crime. A cena final é facilmente uma das melhores do século XX.