Lupas (108)

Nicolas Cage é um cara estranho.

O limbo e o paraíso na concepção visual de Peter Jackson seriam como uma sucessão de vinhetas cafonas dignas de um Hans Donner. Seria uma comédia involuntária se não fosse tudo tão artificialmente grave e constrangedor.

O mais próximo de um transe voluntário que o cinema pode proporcionar àqueles que estiverem dispostos a se entregar a esse experimento sereno sobre o natural e o fantástico.

Um estudo pessimista e trágico sobre desejo, culpa e expiação. Um dos finais mais devastadores do cinema.

Honra ao mérito, menção honrosa, crime contra a honra, gol de honra. E eu achava que já tinha visto muitos exemplos de honra na vida. Uma overdose de honra pra implorar e dizer chega. Haja honra.

A eterna luta entre o homem e um platelminto pré-histórico gigante e pluripotente, com complexo de Satanás. Participação especial de Lawrence da Arábia.

Mais assustador do que se esperaria de uma fábula para crianças. E ao mesmo tempo mais convencional do que se esperaria em sua abordagem do imaginário infantil. Stop motion fascinante.

Intencionalmente canastrão e cafajeste.

O prólogo já dá o tom do filme, se assumindo como um jogo, uma brincadeira narrativa com o tempo e a linguagem pop. Uma das bobagens mais legais já filmadas.

Amor e ódio. Luther King e Malcolm X. Controverso, questionador e provocador. A coisa certa a se fazer? Talvez nem o auto-crítico Spike Lee saiba bem a resposta. A coisa certa a se fazer é assistir esta sua obra-prima e pronto.

Carlão chafurda no brega para construir a mais generosa e bela homenagem feita a uma personagem-mulher no cinema dos últimos anos.

Tem lá seus belos momentos. Mas a emotividade forçada e o pieguismo, típicos de Spielberg, incomodam nessa sua tentativa de ser David Lean.