Lupas (435)

Quando soube da escolha do longa para representar o Brasil no Oscar achei que seria mais uma daquelas escolhas injustificáveis da ANCINE, pois já tinha assistido e gostado muito de Bacurau. Engano meu, o filme além de ser um dos trabalhos mais relevantes do cinema brasileiro dos últimos anos, é de uma sensibilidade impar. Grandes atuações e roteiro que te envolve em um forte retrato da sociedade brasileira patriarcal.

Não envergonha os filmes anteriores mas não apresenta a mesma fluidez, tendo diálogos muito expositivos e personagens subutilizados. Sobretudo o universo criado pelo diretor continua sendo muito interessante e James McAvoy perfeito em cena.

As cenas de luta são bem coreografadas, algumas passagens da narração leva um humor no tom certo e o visual exageradamente colorido se encaixa muito bem com a protagonista (mais uma boa presença da Margot Robbie). São muitos personagens para apresentar e desenvolver então na reta final, o roteiro cai bastante. No geral é um bom entretenimento.

O filme começa confuso, com diálogos que parecem não levar a nada e os primeiros minutos incomodam mas o ritmo vai crescendo e você acaba ficando cada vez mais envolvido. Com longos planos sequência e a direção de câmara muito ágil, o diretor novato chama bastante atenção no resultado final.

Aquela aventura leve e divertida mesmo sem fugir de temas mais densos. Me lembrou filmes como Pequena Miss Sunshine e Os Batutinhas pelo ótimo elenco infantil e pela premissa simples mas eficiente. Sessão da tarde dos bons para toda família. Viola sempre muito bem em cena.

Merecia uma passagem menos discreta pela temporada de premiações pois é um filme bem atuado, roteirizado e dirigido. Melissa McCarthy mostrando ser muito talentosa e versátil com uma personagem excelente apesar da clara romantização de seus atos.

Spike Lee sempre nos tira da zona de conforto para revisitar temas sempre importantes e de óticas diferentes. Infiltrados segue sendo meu favorito mas este também é muito bom. Um pouco arrastado no início mas bem eficaz em sua metade final com boas surpresas de roteiro. Destaque para a edição, trilha sonora e grande atuação do Delroy em monólogos certeiros.

Visualmente muito bem feito, direção de arte e figurinos são os destaques, além de Will Smith inspirado. Faltou um vilão mais carismático e alguns números musicais não empolgam.

Um filme bem interessante, o início é um pouco arrastado mas depois pega um bom ritmo, construindo um clima de suspense legal, composto pelos enquadramentos e uma trilha sonora eficiente. SPOILER* Achei aquele final decepcionante, não que eu quisesse que ele fosse pego mas a justificativa que ele usa para chantagear a ex mulher me pareceu um pouco sem sentido.

O filme é divertido e Sonic muito carismático. Jim Carrey esta ótimo em seu personagem mas sofre com algumas piadas de tiozão em suas falas que contradizem a carapuça de gênio do mal e subestima o público. Incomoda também o mau uso de subtramas e personagens secundários.

Um filme que vem envelhecendo muito bem pois a temática vem se tornando cada dia mais importante. A linha temporal não-linear e o simbolismo fartamente empregado ficam no limite sem estragar o ritmo da produção. Tilda Swinton em uma das melhores interpretações da década passada. A cena dos ovos mexidos é o ápice do sentimento de culpa e auto-estigmatização.

Gostei bastante do clima de sátira, da inocência das crianças e da desenvoltura do elenco inteiro. O roteiro mesmo sendo adaptado é um dos mais criativos do ano. Me incomodou apenas algumas cenas de humor muito pastelão e as vezes fora de tom.