Fazer uma brincadeira com determinados gêneros do cinema nunca pareceu tão original e igualmente divertido. É certo que Wes Craven tem uma filmografia de altos e baixos, chegando a ter obras muito ruins e outras que marcaram gerações. A Hora do Pesadelo, sua obra-prima, é uma delas. Craven tentou de todas as formas reconquistar os fãs que amaram o vilão dos sonhos Fred Krueger. Nessa trajetória Craven experimentou de tudo, Zumbi (A Maldição dos Mortos-Vivos de 1988), Vampiros (Um Vampiro no Brooklyn 1995) e até Criaturas ocultas (As Criaturas Atrás das Paredes de 1991). Mas foi em meados dos anos 90 que Craven mais uma vez fez seu nome brilhar, alcançando novamente O status que ele havia perdido.
Pânico nasceu justamente para ser uma brincadeira. Até porque o diretor brinca com seu próprio filme A Hora do Pesadelo. Para os fãs dos clássicos de Terror, Pânico é um dos grandes responsáveis pela nostalgia. Logo na primeira cena do filme, com a participação especial de Drew Barrymore, o diretor, numa seqüência genial, faz o uso da metalinguagem baseando-as nos jogos dos assassinos. A pergunta do assassino pelo telefone, pergunta essa que entrou pra história da saga e do cinema, "Qual seu filme de terror favorito?", fez com que até o espectador entrasse no jogo e sentisse o pânico da personagem. Morrer nas mãos de um assassino com uma serra-elétrica, ou com uma máscara e com uma faca na mão pareceria um tanto familiar.
Querendo ou não, essa cena tira risadas do espectador, que está vendo tudo aquilo sabendo que não passa de uma ficção, tendo conciência do que está ocorrendo por também conhecer os assassinos dos filmes de terror assim como a vítima conhecia. A partir daí, o diretor muda o cenário para um filme cheio de suspense, com mortes realmente dignas, não apenas um serial Keller com uma faca que é cravada na barriga e pronto e que praticamente chama o espectador de burro, como vemos no superestimado Halloween ou Sexta-Feira 13. A busca pelo assassino se torna primordial dentro da comunidade, os alunos do colégio local também estão em alerta, mas ninguém acredita que o assassino realmente irá matá-los. Nós também pensamos assim, "comigo não vai acontecer nada". Sendo assim o palco para o massacre fica vulnerável.
Mas Nem tudo é uma beleza. O roteiro tenta de todas as formas nos levar a acreditar numa conclusão menos previsível possível, até porque o assassino pode ser facilmente identificado logo no início do filme. Craven utilizou de algumas tiradas espertas para causar um reboliço na mente do espectador para nos fazer acreditar em outros desfechos. Mas mesmo não sendo todo satisfatório, o desfecho não decepciona, só poderia ter nos enganado de uma forma mais inteligente. Uma trilogia, agora uma quadrilogia interessante, divertidíssima e até assustadora. Hoje em dia por mais que seja lançados filme de terror, a maioria não apresenta uma novidade sequer além de ser o mais convencional possível. O que nos resta é rever, rever e rever essas obras deliciosas que nos fazem ficar atentos e roendo as unhas no sofá. Pânico é tão nostálgico que até dá para torcer para o mocinho não entrar por aquela porta ou se dar bem no final.
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