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7+ | Para gostar de musicais

É fato que muitas pessoas das novas gerações reclamam que ODEIAM musicais. Irritação com as pessoas começarem a cantar “de repente” ou com os trinados emitidos pelos atores. Não foi sempre assim: mais ou menos até a década de 1960, quando o gênero sofreu um abalo, musicais eram um dos carro-chefes de Hollywood, haja vista a memória ainda despertada por O Picolino (1935) ou Cantando na Chuva (1952). Nem sucessos que pretendiam um revival do gênero, como Moulin Rouge - Amor em Vermelho (2001) ou Chicago (2002), trouxeram, de fato, o musical de volta à crista da onda. 

Hoje, muitos lembram como exemplo do mais exagerado que Hollywood consegue chegar. Mas será possível convencer quem tem preconceito com o gênero a ser iniciado no mesmo? Confira sete dicas para (tentar) pegar algum desavisado!


The Rocky Horror Picture Show (1975), Jim Sharman

Recomendado para quem gosta de: Conde Drácula, a história de Frankenstein, contracultura, estética gótica, rock and roll

Não precisa dizer mais: o musical de Richard O’ Brien se tornou um clássico ao emular o clima dos Filme B para contar uma história satírica sobre um casal careta e reprimido que é “pervertido” pelo cientista louco Frank ‘n’ Furter, que se autointitula um “doce travesti” vindo de “Transexual, na Transilvânia. Divertidíssimo, o filme se utiliza de canções rock and roll à moda dos gêneros glam e punk, em voga à época, misturado música agressiva e figurinos improvisados com letras sexuais e maquiagem tresloucada. Além disso, as atuações de Tim Curry (A Lenda, It) e Susan Sarandon (Fome de Viver) e a participação do roqueiro Meat Loaf marcaram época. O “filme de meia-noite” definitivo, que reúne uma turba de fantasiados onde quer que seja reprisado, é uma prova indelével que jogar Elvis e Drácula no mesmo caldeirão é uma mistura muito bem-vinda. 

Você talvez goste também de: O Fantasma do Paraíso; A Pequena Loja de Horrores; Repo! The Genetic Opera; Jesus Cristo Superstar



All That Jazz - O Show Deve Continuar (1979), Bob Fosse

Recomendado para quem gosta de: cinebiografias sobre ídolos atormentados, como Touro Indomável, Amadeus, Chaplin, O Aviador

Uma confissão em forma de filme aos moldes de 8 ½, All That Jazz é Bob Fosse de peito aberto sobre a vida atormentada dos grandes ídolos da nossa época. Joe Gideon, alter-ego do diretor, é um artista perfeccionista viciado em álcool, cigarro, remédios e sexo, sujeito a ataques de fúria e que começa a ter a saúde progressivamente abalada pela estafa de trabalho, alucinando com algumas das mais impressionantes sequências musicais oníricas já vistas por um projetor. Para quem acha que sucesso não vem com um preço - e Fosse fez tanto sucesso em uma época de sua carreira que em 1973 ganhou o Emmy, o Tony e o Oscar - All That Jazz é um belo filme sobre um homem que lida com os próprios demônios ao refletir que, abraçando o triunfo no trabalho, abandonou o "all that jazz", a alegria de viver. Sincero e dolorido, para dizer o mínimo.

Você talvez goste também de: Cabaret; New York, New York 



Os Irmãos Cara-de-Pau
(1980), John Landis

Recomendado para quem gosta de: blues, soul music, humor politicamente incorreto, perseguições de carro

Dupla musical formada pelos comediantes John Belushi e Dan Aykroyd, que revolucionaram o humor à época em sua participação no Saturday Night Live, e que teve a sua consagração quando encontrou o olhar anárquico de John Landis, famoso à época por Clube dos Cafajestes, os Blue Brothers protagonizaram um filme com energia difícil de se resistir: temos a maioria dos números musicais em palco, mas também temos cantoria e dança irrompendo do meio do espaço cênico; e também uma coleção do fino do humor físico, como perseguições de carro que empilham viaturas, rednecks que arremessam copos de raiva (e depois de alegria), freiras autoritárias brandindo suas palmatórias, paradas nazistas sendo interrompidas… Naquele que é talvez o musical cult mais alucinado dessa lista. Além de participações icônicas de lendas da música negra como John Lee Hooker, Cab Calloway, James Brown, Ray Charles e Aretha Franklin. Tá bom ou quer mais?

Você talvez goste também de: Tenacious D - Uma Dupla Infernal; Escola de Rock; A Vida É Dura - A História de Dewey Cox; Os Cowboys de Leningrado Vão Para a América


The Wall (1982), Alan Parker

Recomendado para quem gosta de: narrativas existenciais como A Árvore da Vida e Ad Astra - Rumo às Estrelas; distopias políticas como 1984 e V de Vingança; animações adultas como Waking Life e Anomalisa; rock clássico

Em 1979, o Pink Floyd abalou as estruturas lançando The Wall, talvez o disco definitivo de “ópera-rock”, ou discos que contam uma história com as músicas interligadas. Com o sucesso, não demorou muito para que a história do roqueiro Pink ganhasse as telnas, com o cantor Bob Geldof no papel principal The Wall é um tapa na cara dos que associam musicais à alegria cafona ou tristeza melodramática. O filme, através das suas canções, narra a história de um homem que criado por mãe controladora e pai ausente e doutrinado por um ensino rígido, acaba fazendo sucesso como músico mas erguendo uma muralha (literal e metafórica) através de isolamento e abuso de substâncias. Fundindo números musicais, imagens metafóricas, técnicas de animação e contendo altas doses de crítica à sociedade (o segmento de Another Brick in The Wall virou videoclipe e hino dos insatisfeitos contra o sistema), The Wall é uma prova que o gênero pode ser experimental e adulto como qualquer outro.

Você talvez goste também de: Tommy; Quadrophenia; Lisztomania


Todos Dizem Eu Te Amo (1996), Woody Allen

Recomendado para quem gosta de: cantar sem ligar para a técnica, La La Land - Cantando Estações, Mamma Mia e demais filmes onde atores que não cantam soltam a voz

Woody Allen tinha um conceito bem simples aqui: não fazer um filme com atores que fossem cantores e bailarinos profissionais ou trazer uma trilha sonora original pronta para papar prêmios, mas trazer “gente normal” cantando as músicas que ama (tanto que Goldie Hawn foi dublada justamente por não ter “voz de gente comum”!). Então, no meio do habitual desfile de novaiorquinos neuróticos de Woody Allen desfilando suas preocupações, Edward Norton, Julia Roberts e Alan Alda cantam sem muita pretensão clássicos standards de musicais antigos como My Baby Just Cares For Me, Looking At You e I’m Through With Love. O número musical entre Woody Allen e Goldie Hawn é especialmente marcante. Para quem acha que o musical é um manancial de exibicionismo, Todos Dizem Eu Te Amo é um oásis de despretensão.

Você talvez goste também de: Romance e Cigarros


A Loucura de Mary Juana (2005), Andy Fickman

Recomendado para quem gosta de: sátiras políticas questionadoras como Idiocracia, Obrigado Por Fumar e A Lavanderia 

Talvez você não saiba, mas em 1930 um grupo conservador evangélico produziu o filme A Porta da Loucura, um filme tão sensacionalista sobre o uso da maconha que acabou saindo pela culatra e ficando famoso justamente entre os usuários da erva. Em 2005, Andy Fickman (Ela é o Cara) levou aos cinemas a sua versão musical da infame produção, onde dessa vez o tom moralista é ridicularizado e criticado, onde mistura sequências em cartoon, números de palco estilo Las Vegas (com figuras religiosas) e até mesmo uma estética de terror, como quando a jovem e pura Mary Lane (Kristen Bell) é transformada em uma sensual dominatrix após “dar um dois”. Retratando cidadãos brancos e protestantes apavorando com a ideia dos filhos usarem drogas e pregando patrulhamento cultural e perseguição à “minorias degeneradas”, A Loucura de Mary Juana é sarcástico até a medula e por isso mesmo contra-indicado em casos de carolice extrema.

Você talvez goste também de: Hair; South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes


Jersey Boys: Em Busca da Música (2014), Clint Eastwood

Recomandado para quem gosta de: cinebiografias musicais de figuras famosas, como Bohemian Rhapsody e Rocketman

“I Can’t Give You Anything But Love”, “I’m In The Mood For Love”, “Can’t Take My Eyes of You”... Frankie Valli e o grupo onde se destacou, os Four Seasons, com certeza embalaram o romance de boa pate dos casais do século XX em algum momento. E a adaptação de Clint Eastwood do musical vencedor do Tony celebra não só os famosos em si como também a superação das dificuldades e o poder catártico da música. Autêntico “quem canta seus males espanta”, Jersey Boys: Em Busca da Música envia o espectador em uma deliciosa viagem ao passado para fazê-lo perder a vergonha de cantar hits a plenos pulmões enquanto o senso narrativo de “Clintão” no auge da experiência segura o interesse na história do grupo vocal mundialmente famoso.

Você talvez goste também de: Purple Rain; Straight Outta Compton - A História do N.W.A.

Comentários (3)

Cesar Castanha | terça-feira, 12 de Novembro de 2019 - 07:33

Que ótima lista, Bê! Eu ainda acrescentaria Hedwig and the Angry Itch

Heitor Romero | terça-feira, 12 de Novembro de 2019 - 09:33

que matéria linda

Rodrigo Torres | quinta-feira, 14 de Novembro de 2019 - 06:46

Cadê Lua de Cristal?

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