“1. A Matemática é a linguagem da Natureza;
2. Tudo pode ser representado e compreendido através de números;
3. Ao fazer gráficos com números de qualquer sistema, surgem padrões;
- Portanto, há padrões em tudo na Natureza.”
Para os desinformados que não gostam de exercitar a mente, que gostam de tudo mastigado e explicadinho, fiquem sabendo que o filme não tem muita inclinação para esse estilo. “Pi” a todo momento é um exercício para a mente. Desafiador, complexo, alucinante e frenético. Assisti-í-lo, já é um grande desafio. É um filme anormal e nada convencional que pode fazer bastante gente desistir de assistí-lo logo nos primeiros minutos, pela tamanha complexidade e informações que invadem os cérebros desprevinidos. Mas não há o que temer. O filme pode sim ser assitido sem o menor problema e o que menos importa é entendê-lo ou decifrá-lo. Darren Aronofsky deixa a maior parte das perguntas no ar, mesmo após o término do filme. E mantér o público no escuro é apenas mais umas de suas táticas infalíveis para tornar mais doloroso o ritmo nervoso e rápido do filme.
Filmado em preto e branco de alto contraste com várias técnicas frenéticas e radicais de câmera, Pi é um daqueles filmes que não conseguimos entender como alguém pode criar ou escrever algo com tamanha genialidade. A trajetória de Max durante todo o filme, leva o espectador a se fazer tal pergunta. Suas descobertas e suas pesquisas estão o deixando louco. Tido como um gênio da matemática, Max está prestes a descobrir o número completo do Pi, o que fez ainda com que compreendesse tudo o que existe na Terra, já que percebeu que todos os eventos se repetiam após um determinado espaço de tempo. Assim, Max pôde adivinhar o que viria a acontecer no mercado da Bolsa de Valores, o que ocasiona a cobiça por parte dos representantes da Wall Street e por uma seita que tem a intenção de desvendar os segredos do Torá, livro que contém segredos das antigas escrituras sagradas, e que lhe daria acesso diretamente ao criador.
“EVIDÊNCIAS:
O Ciclo das epidemias;
O aumento e a diminuição da população de Caibus;
O ciclo das manchas solares;
A cheia e baixa do Nilo;”
Não me pergunte se eu entendi o filme por completo. Pi transcede desde cenas surrealistas às materialistas. Diz-se que “Eraserhead”(1977), de David Lynch, serviu de uma certa inspiração para o filme. Quase desisti de assistir. Não por ter medo de não entendê-lo ou algo do tipo, mas por não querer ter outra vez uma experiência totalmente tediosa. O que vemos, são meras coincidências entre ambos os filmes. Cenas surrealistas, personagem perturbado, fotografia preto e branco, complexidade, metáforas, insetos…mas que está longe da inteligência de Pi, e que não vou prolongar a comparação, até porque meu texto é sobre o filme de Aronofsky.
O roteiro passa por várias teorias, desde as feitas pelos roteristas, até as de Matemáticos e cientistas famosos. Leia-se a colocação do professor de Max, (Sol) quando fala sobre a história do grande Matemático Grego, Arquimedes, dando conselhos para que ele venha descançar e repousar, já que Max sofre fortes dores de cabeça e outros problemas de saúde. A loucura do personagem incomoda o espectador. Sua sede de desvendar os números, o leva a viver num mundo escuro e solitário, tendo visões e paranóia. E quem quiser ir mais além, consegue perceber uma certa crítica aos estudos matemáticos, no que diz respeito à loucura. Poderia o estudo da matemática trazer tamanhas conseqüências?
“E a bolsa de Valores: O universo de números que representa a economia global.
Minha hipótese:Na bolsa de Valores Também há um padrão; Bem na minha frente, escondido atrás dos números;”
Vencedor do prêmio de Melhor Diretor no Festival de Sundance, Darren Aronofsky já surge como um diretor promissor. Sua técnica de filmagem usada aqui, fato que todos os que assitiram o filme comentam, aqueles cortes abruptos e frenéticos usado nas cenas em que o personagem toma seus medicamentos, parece ser uma marca do diretor. É inevitável falar de Réquiem para um Sonho, no qual o diretor usa a mesma técnica, perfeita por sinal.
O melhor não é tentar entender o filme e sim saborear toda a inteligência e experiência que o filme proporciona. O filme não é feito apenas para quem gosta de matemática. Todos, sem excessão, podem desfrutar da mente brilhante que expõe suas teorias matemáticas e filosóficas naquele duelo famoso entre Religião e Ciência sem ofender ninguém. Os números, as informações, e todas aquelas teorias são o que há de melhor no filme, sem contar o clima perturbador e frenético, com trilha sonora acelerada, que prende qualquer um.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário