Lupas (79)

O Vencedor me fez lembrar O Céu de Suely. Os personagens perdidos numa vida sem perspectiva, em busca de sonhos e vitórias que parecem não lhes pertencer. I started to cry, which started the whole world laughing. Um bom loser chora essa cena.

Potman está mesmo um assombro, e nem Aronofsky com sua autoproclamada perfeição consegue limitar isso. Algumas cenas são arrebatadoras, ainda que o CG seja a arma para as compor. Vicent Cassel é o melhor contraponto da mocinha assombrada por si mesma.

Macacos, mágicos e cegos num balaio só. Perceber o rigor de Tonacci na criação de cada quadro de Bang Bang é das viagens mais entusiasmantes pelo cinema contemporâneo brasileiro. Vale porque transgride/erige uma linguagem cinematográfica impar.

Só Johnny Depp salva. E a beleza de Jolie também.

Desta vez o nível dos diálogos melhora, mas o constrangimento com os valores vendidos sob a justificativa de que os vampiros se baseiam num código moral antiquado alcança seu ápice.

Os brinquedos, nossos primeiros interlocutores/amigos ganham a melhor tradução de sua importância nesta história sobre amizade e transição para a vida adulta. Emocionante é a palavra.

Novos realizadores experimentando um road-movie, referenciando Glauber e Godard, e escolhendo o caminho do cinema do terceiro mundo.

Michael Cera emulando Jean Paul Belmondo vale a risada.

Difícil quantificar em nota a ruptura narrativa, o discurso nada festivo sobre a realidade nacional e também a pesquisa estética (des)organizada por Sganzerla neste filme. Vale muito: Luiz Gonzaga, Moreira da Silva e a cena da equipe captada num espelho.

Ver o Brasil pelos olhos de Orson Welles e detectar a colossal energia transgressora do país foi uma das conquistas de Sganzerla e sua montagem neste filme.

Surpreende o fato de que o filme seja menos frívolo do que sugere a devoção exagerada pelos figurinos de Audrey Hepburn.

Um dos melhores lançamentos em circuito desse ano. Roteiro redondo, boas atuações e vários picos de tensão que dão gosto ao espectador em acompanhar a trama. A cena final é digna dos melhores suspenses.