Lupas (799)

Uma trama de temas difíceis e razoavelmente profundos trabalhada com singular sensibilidade, ainda que não necessariamente seja uma volta aos tempos áureos da Pixar - especialmente por não se desvencilhar de alguns de seus clichês e fórmulas recorrentes.

Gerwig - roteirista - não deveria surpreender em suas realizações: narrativa natural e carismática e personagens bem delineados e profundos. Gerwig - diretora - surpreende pela segurança e habilidade com que trata a história. Metcalf e Ronan excelentes.

A linha de Enyedi é muito clara, ao delinear personagens singulares e inconformesr e utilizar certos instrumentos narrativos para sedimentar sua reflexão e sua visão poética do amor: os sonhos, o animalesco, os diálogos rígidos. Bom filme.

A embalagem é típica do diretor, não fugindo daquilo que já se espera, mas altamente digna de elogios. Del Toro captura a essência das fábulas com louvor, inserindo-a em um contexto maduro e de personagens complexos (e com um time de atores sensacional).

Extremamente cansativo. O exte(eee)nso roteiro de Sorkin, com direito a uma sempre presente e invariavelmente irritante narração em off, é um estorvo e destrói qualquer qualidade da obra. E ainda acharam por bem fazer um corte de mais de duas horas.

Muito abaixo do primeiro longa de Gilroy (o ótimo "O Abutre"), este aqui se salva unicamente pela excelente atuação de Washington. De resto, é apenas um filme de ritmo extremamente burocrático e esquecível. Daqueles que em abril ninguém mais lembra.

Muito, muito, muito simpático. É até assustadora a dimensão de sinceridade, humanidade e simpatia que a jornada dos dois transmite. Um punhado de cenas para se guardar no coração e uma mulher que certamente está entre as maiores (e melhores) da história.

Bem filmado e com uma forte dupla principal (ainda que não estejam particularmente geniais), "The Post" demora a engrenar, e mesmo quando sua narrativa começa a fluir acaba presa a certos exageros discursivos. E que minutos finais mais bregas!

É curiosa a recorrência atual de filmes com "coming-of-age" simbólicos marcados por elementos fantásticos. Aqui, falta efetividade e pungência ao roteiro, mas tecnicamente é um sucesso, especialmente em sua construção visual e na boa trilha sonora.

A narrativa é cuidadosamente costurada, desde o silêncio à vocalização daquele ser tão marginalizado e invisível como símbolo da desigualdade e resultado de uma rede de corrupção e desinteresse político. Além de outros temas bem trabalhados em subtramas.

Uma viagem psicodélica pouco inspirada. Ainda não consigo dizer se acho o visual bom ou não. A variação entre conceitos visuais interessantes e usos de cores bem duvidosos parece ser transmitida também para a narrativa, repleta de altos e baixos.

É um show de um homem só (Oldman), com todos os adereços de um Oscar-bait, mesmo que com suas qualidades, e que alguns anos atrás provavelmente teria estourado em indicações. Ainda bem que os tempos mudaram, mas pelo menos não é um novo "A Dama de Ferro".