"Um drama que reflete vidas encurraladas pelo destino, e o que isso tem de mais nas mãos de Haggis?".
É um filme sequencial. Chato em sua maioria e especialmente desarrumado (deve ser por isso o gosto do público, desigualdade e interferência nas cenas). Ainda não entendi o por quê de tudo isso, de todo esse glamour em um filme chato e impertinente (o impertinente num digo que só por que tenha submetido tanto seus personagens como seu elenco em situações que foram extremamente exageras). Crash - No Limite é mais um filme americano que corrobora a mente dos expectadores.
O roteiro de Paul Haggis (direção) e de Robert Moresco são ligeiros mais muito melo-dramático, impacienta o expectador á vivências normais. Não sei na verdade o que pensar. Um filme normal (acredite, existe dezenas de milhares de outros iguais a este) e insuspeito de seu valor real. É como se fosse mais uma transposição, crítica, pessoal até, de vidas de pessoas normais em situações normais. Situações essas que sempre estão ocultas em outros filmes, mas só que aqui foi feito num diáleto fácil e entendível (para transparecer na cena, como no abuso do policial). São cenas desiguais, uma Edição inconstante, não foi esse o efeito que eles pretendiam (o pessoal da produção) mais foi isso que saiu.
O máximo é que Paul Haggis soube levar seu roteiro (chato e parado) numa boa, o que lhe valeu até uma indicação de respeito á Melhor Direção, perde é claro para Ang Lee, pelo o filme O Segredo de Brokeback Mountain (os dois aliás foram os rivais da noite; cada indicação á cada categoria os dois brigavam, com críticos de cada lado, mas a noite foi de Crash, ganhando o prêmio máximo, Melhor Filme; ganhou também por outros: Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem).
Outro ponto negativo do filme (fora entre outros o roteiro) é o seu marketing excessivo e ludibriador. Quais são os nomes principais que estampam a capa principal do filme senão a distraída Sandra Bullock (digo distraída por ela ter aceitado essa arriscada interpretação), o imperfeito Don Cheadle (está terrível) o egocêntrico Matt Dillon (normal) e o maluco, mais não menos pior Brendan Fraser (faz um papel rídiculo). E o que acontece com o resto (resto mesmo, mais que na verdade são o pró do filme) do elenco do filme? São encurralados e calados (posso estar sendo exagerado, mais é isso mesmo).
A parte técnica. Sem exageros, sem maquiagem (para tudo parecer simples e natural, foi bom uso de Haggis). A fotografia é como disse, natural (até demais, a luz da cidade é serena e real, sem capas, a luz verdadeira é exibida na imagem, compromete a feição dos personagens, mas destaca a veracidade que Haggis usa para contrair qualquer superficialidade), é momentânio o uso excessivo dela, e quando acontece, a noite faz o maior trabalho. A montagem é uma boa saída. É bem segura e independente, fica na ponta da atenção do expectador, mais reclama a atenção necessária. Melhor Filme? Não. Mais parece um documentário sobre uma cidade com os seus problemas diários e seus preconceitos que precisam ser acabados. Tudo passa de uma arrogância sem limites, dá raiva perceber isso.
A duração é gigante. A métrica o torna cansativo e suas histórias mesquinhas. Mais parece uma adaptação mal-feita de um livro de auto-ajuda. Sabe-se que, por fim, o enredo é mágico, diferente de qualquer outro (é o que dizem), mais também se sabe que tudo o que um bom filme busca na verdade, é uma bela mensagem, bonita e repleta de autruísmo, seguida é claro de sucesso - Crash tem esses dois.
Filmes que ensinam lições para o expectador normalmente não são bem vistos pela crítica. A Cura é um deles. Meu Primeiro Amor - Parte 1 é outro. Mesmo assim, com toda essa marcação, Crash se salvou dentre muitos iguais, muitos que seguem numa trilha triste e deslocada. Crash - No Limite é uma forçassão de barra, forçou tanto que prendeu a crítica em sua suposta teia de encantamento.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário