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Perfis

Foto de Stanley Kubrick

Stanley Kubrick

Idade
70 anos
Nascimento
26/07/1928
Falecimento
07/03/1999
País de nascimento
Estados Unidos
Local de nascimento
New York, New York

Um dos grandes gênios do cinema. Um diretor de sucesso comercial e crítico, de estilo único.

Gênio do cinema! É sempre perigoso quando algum crítico ou estudioso da arte refere-se a um bom diretor com esse adjetivo. Um filme genial tem a capacidade de fazer de seu diretor um gênio? Não, pode ser boa sorte, ou simplesmente bom humor do público e da crítica. Agora, quando alguém possui uma carreira toda de bons filmes, e entre eles estiverem algumas das maiores obras-primas que o cinema já viu, o adjetivo - daí sim - é perfeitamente e com justiça empregado.

Kubrick nasceu na cidade de Nova York, teve uma infância com maus resultados na escola, ainda que as pessoas o vissem como inteligente. Sua primeira grande paixão foi o xadrez, apresentado a ele por seu pai. Anos depois, quando diretor, isso pode muito bem ser visto pelo seu perfeccionismo nas formas, na simetria de seus planos de filmagem. Aos 13 anos ganhou uma câmera fotográfica, e logo tornou-se também um exímio fotógrafo, conseguindo emprego na área em uma revista (Look Magazine) aos 17 anos.

Ao mesmo tempo a paixão dele pelo cinema ia crescendo e, em 1951, com a ajuda de seu amigo Alexander Singer conseguiu, com o uso de suas economias, filmar o documentário Day of the Fight. Vários outros curtas sucederam-se e já em 1953 Kubrick estava filmando na Califórnia. Fear and Desire, daquele mesmo ano, foi e é ainda hoje considerado um trabalho fraco, ainda assim serviu como uma experiência importante para o diretor - já era perceptível que ele possuía um "algo mais".

A partir daí sua carreira estourou. Os muito bons A Morte Passou por Perto de 1955 e O Grande Golpe de 1956 chamaram a atenção de Hollywood para ele. Logo depois, então, em 1957, dirigiu Glória Feita de Sangue com o astro Kirk Douglas. Este é considerado pela enormidade de críticos (e o público parece aprovar) como o melhor filme já realizado sobre a Primeira Guerra Mundial, embora não seja um filme de batalha, e sim um poderoso trabalho dramático.

Seu próximo filme foi o épico Spartacus, lançado em 1960 - possivelmente o trabalho mais conturbado do diretor em termos de relacionamento com o estúdio e outros membros da equipe. O estilo que Kubrick impôs irritou, por exemplo, o cinematógrafo Russell Metty, que disse que o diretor queria fazer o trabalho dele. Kubrick respondeu a essa afirmação sugerindo a Metty sentar-se e não fazer nada. Metty acabou ganhando o Oscar por esse trabalho. No final das contas Spartacus parece de longe o trabalho mais comercial do diretor: ainda que seja um épico muito bom não tem muito de sua personalidade, mesmo que Kubrick tenha imposto durante as gravações um pouco de seu estilo.

No início da década de 1960 Kubrick estava cansando de Hollywood. Não conseguiu ter sucesso nas negociações para dirigir One-Eyed Jack com Marlon Brando. No final, o próprio Brando acabou dirigindo o filme. E quando seu casamento falhou, ele resolver mudar-se para o Reino Unido.

Lolita foi seu primeiro trabalho como diretor inglês. Um filme que foi trabalhado para não ter problemas com a censura, visto que o romance original proporcionaria cenas bem picantes - e bem impróprias para aquela época. Lolita hoje é visto como um trabalho muito bom, mas não é comumente lembrado nas listas que citam os melhores filmes do diretor.

Doutor Fantástico, em 1964, foi um passo definidor de sua liberdade artística para sua carreira. O filme obteve bom sucesso comercial, possibilitando a Kubrick ter poder de decisão quase total - ainda mais e mais do que nunca - sobre o conteúdo de seus filmes. Inicialmente o filme seria um drama, até porque poucos ainda ousavam lidar com o tema da ameaça atômica sem ser pelo lado sério. Kubrick rompeu então com essa questão e fez deste o seu filme preferido por muitos e muitos críticos. Um trabalho inteligente e ousado, sucesso também pela escolha do ator Peter Sellers como carro-chefe do elenco.

Se Doutor Fantástico foi considerado um êxito em sua carreira, seu filme subsequente (que foi lançado quatro longos anos depois, em 1968, com a ajuda do autor de ficção científica Arthur C. Clarke) tornou-se um trabalho instantaneamente cultuado. Apresentando efeitos especiais inimagináveis para sua época (ainda hoje eles podem ser considerados bons), que é muito anterior à explosão que foi Star Wars, e dono de um roteiro fascinante, que possibilita muito estudo e várias interpretações, 2001 - Uma Odisséia no Espaço é o filme mais complexo e tecnicamente bem feito de sua carreira (embora outros como Laranja Mecânica e O Iluminado sejam páreos duros). Nesse momento, Kubrick entraria na galeria de gênios do cinema, embora tivesse muita carreira pela frente.

Laranja Mecânica, de 1971, para variar, foi lançado também em torno de muita controvérsia. Recheado de violência e sexo, foi um filme que conseguiu prever a onda de crimes banais que teríamos no futuro, por parte de desordeiros urbanos. O filme tem um visual único e é, de fato, uma de suas melhores obras-primas.

Barry Lyndon, em 1975, provou-se um exercício de perfeição. O filme tem cenas milimetricamente trabalhadas e sabe-se que seus atores foram demandados a repetir dezenas de vezes algumas delas, até atingir a perfeição requerida pelo diretor. O visual desse trabalho é esplendoroso. Não tem a movimentação e a ousadia de Laranja Mecânica, mas não deixa de ser outro de seus projetos únicos.

Recusando-se a dirigir uma sequência para O Exorcista, Kubrick levou às telas O Iluminado, adaptação de um romance de terror de Stephen King. O autor sempre disse que não havia gostado do filme, porém este, hoje, é considerado um dos principais exemplares do gênero que o cinema já presenciou. Aqui mais uma vez sua busca pela perfeição pode ser notada nas formas simétricas, ângulos retos e longas sequências sem cortes.

Nascido para Matar veio sete anos depois, cercado de grande expectativa. Era também o retorno do diretor aos filmes de guerra - desta vez, no Vietnã - e possivelmente seu filme com mais ação. Ele é dividido em duas metades distintas: a primeira, no centro de treinamento de tropas (ou quartel-general), segmento que é considerado genial pelos críticos; o segundo, que são as batalhas em campo de fato, onde Kubrick pega seus personagens já plenamente desenvolvidos e coloca-os mais do que nunca em risco de vida. O filme foi mais um a obter bom sucesso de público além da recepção crítica natural.

Seu último trabalho foi De Olhos Bem Fechados. Filmado com imensos cuidados de segurança (parte por causa dos mega-astros Nicole Kidman e Tom Cruise), Kubrick considerou este seu melhor filme até aquele momento. A crítica ficou dividida, porém, hoje, mais de meia década depois, ele é bem melhor visto e muito mais críticos e boa parte do público o consideram um grande filme.

Stanley Kubrick morreu em 7 de março de 1999, de um ataque do coração enquanto dormia. Steven Spielberg resolveu, então, levar aos cinemas um trabalho que vinha sendo discutido lentamente em conjunto com ele, A.I. - Inteligência Artificial. Kubrick vinha trabalhando nele desde o início da década de 1990, porém esperava o avanço dos efeitos especiais para poder desenvolvê-lo. A direção do filme possui muitos traços de Kubrick, sendo tecnicamente um filme de ponta de Spielberg. Muitos críticos, porém, diriam que Kubrick teria feito um filme muito melhor. Nunca há de se saber. Kubrick permanece com seu lugar garantido na história do cinema e, porque não, na história das artes em geral.

Curiosidades sobre Stanley Kubrick (fonte: IMDB.com)

- Quase todos os seus filmes contêm uma narração em algum ponto.

- Excluindo dois de seus primeiros filmes (A Morte Passou por Perto (1955) e Fear and Desire (1953)) todos os seus filmes são adaptações de algum romance.

- Seus filmes possuem muitas composições simétricas e longas sequências de zoom.

- A sequência alfanumérica "CRM114" é muito utilizada em seus filmes: CRM-114 é o nome do decodificador em Doutor Fantástico; a placa de licença da nave Júpiter é CRM114; em Laranja Mecânica o código de Alex na clínica de tratamento é "Serum 114".

- Todos os filmes de Kubrick possuem uma cena importante que se passa em um banheiro.

- Conhecido por filmar longos planos, em O Iluminado ele gastou 1,3 milhões de pés de rolo de filme, sendo que o corte final do filme utilizou apenas 1% disso, fazendo com que a proporção aproveitada fosse 102:1, enquanto o normal é algo em torno de 7,5:1 em média.

- Quase sempre utiliza música previamente composta em seus filmes, como o Danúbio Azul em 2001 - Uma Odisséia no Espaço.

- Seus filmes geralmente observam o lado obscuro da natureza humana.

- Utiliza a visão em primeira pessoa de algum personagem ao menos uma vez em cada um de seus filmes.

- Os créditos de seus filmes são sempre slide-shows, apenas nos créditos iniciais de O Iluminado ele utilizou créditos rolantes.

- Em quase todo filme seu algum de seus personagens são perseguidos pela câmera. A "Steadicam" foi inventada para O Iluminado, quando a câmera persegue o menino na motoca de brinquedo nos corredores do hotel.

- Todos seus filmes acabam com a mensagem "The End".

Filmografia

Título Prêmios Ano Notas
Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida
Ele mesmo (imagens de arquivo)
2001
Era uma vez ... Laranja Mecânica
Ele mesmo (arquivo)
2011
Labirinto de Kubrick
Imagens de arquivo
2012
Título Prêmios Ano Notas
1955
5,7
6,4
Oscar (indicação) 1968
9,3
8,9
Laranja Mecânica
Roteirista
Globo de Ouro (indicação)
Oscar (indicação)
1971
8,7
8,9
1987
7,9
8,2
Iluminado, O
roteiro
1980
8,6
8,5
1999
8,4
8,2
1957
8,8
8,6
Lolita
Roteirista
Globo de Ouro (indicação) 1962
7,4
7,6
Barry Lyndon
Roteirista
Globo de Ouro (indicação)
Oscar (indicação)
1975
8,3
8,5
Dr. Fantástico
Roteirista
Oscar (indicação) 1964
8,9
8,4
Grande Golpe, O
roteiro
1956
8,3
8,3
Padre Voador, O
não creditado
1951