“ – Eu tenho pesadelos. Nele pessoas me machucam.
– Eu também tenho, mas são diferentes. Eu machuco pessoas. ”
Já esperou pelo resultado de um filme mais do que seu desfecho? Atualmente são três filmes solos do personagem (este é o terceiro da trilogia, vindo depois dos desastres Origins Wolverine e Wolverine Imortal), participou de outros 6 filmes (X-Men de 2000, X-Men 2 de 2003, X-Men 3 de 2006, com uma rápida participação em X-Men: Primeira Classe de 2011, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido de 2014 e por fim uma ponta no péssimo X-Men: Apocalipse no ano passado).
Após 17 anos, o filme que os fãs mereciam, mais do que isso, o filme que o mutante merecia! Pra isso é necessário dizer: Hugh Jackman foi bem no papel do carcaju, tendo participado de todos esses filmes citados – nem todos foram bem, mas a representação de seu Wolverine sempre foi boa -, por vezes foi criticado, o principal motivo: sua estatura. Enquanto Wolverine tem cerca de 1,60 o ator Hugh Jackman tem por volta de 1,90.
Nada disso impediu-o de desempenhar bem o papel - durante 17 anos! – E tudo nos leva até março de 2017, em sua despedida do personagem.
Houve ‘’Hurt’’ por Johnny Cash, teve comparações ao jogo exclusivo para Playstation, The Last of Us (2013) e até uma pegada mais séria no marketing, nos teasers, nos trailers... basicamente, em tudo!
O tom de despedida era inegável... mas falemos um pouco mais do personagem, Wolverine é um herói de histórias em quadrinhos publicados pela Marvel Comics, tendo sua primeira aparição em novembro de 1974 numa edição de O Incrível Hulk. Wolverine é um mutante que possui sentidos de animais aguçados, capacidades físicas melhoradas e poderosa capacidade regenerativa, conhecida como fator de cura.
Logan. Começa com uma cena sensacional de pura porradaria, já dando o tom da violência que teríamos dali pra frente, membros partidos, cabeças arrancadas e muita ação. Está na alma do personagem, impregnado em seu “DNA” e não pode ser negado.
Uma negação que durou anos, perpetuando o nível medíocre dos últimos dois filmes solos do personagem.
Falar de Logan é difícil, especificamente este filme, especificamente para mim e para tantos fãs. O filme passa de um road movie pra filme de herói, sem sair do terreno, as atuações de Patrick Stewart, Hugh Jackman e da jovem atriz Sienna Novikov são poderosas, dão a alma do filme, para alguém que queria ser Miss Sunshine (palavras do próprio Hugh em muitas entrevistas onde cita o filme de 2006 como exemplo), tinha de ser!
O filme é difícil pois é uma despedida, do ator e do personagem, uma coisa íntima que apenas fãs vão, de fato, entender. Assistir o filme com um pensamento frio e crítico para dar o desfecho... chega a ser patético. Visto que é um filme claramente para isso... comercial? Claro! Aliás, as bilheterias só crescem a cada dia, já são mais de 6 milhões de brasileiros que foram aos cinemas assistirem a despedida desse mutante.
Mas mais do que isso, algo pessoal, não há maneiras de exemplificar tamanha minha felicidade ao ver a representação fiel daquilo que todos conhecem (leitores das HQs onde o personagem nasceu) na telona. São pequenos momentos, pequenas frases como o “Não fui eu, não fui eu” dito por Logan após o ataque à casa da família na fazenda. Ou o simples gesto de você, eu e todo o resto, saber que aquele cara que praticamente estava sendo o filho, cuidando do mestre, que tornou-se responsabilidade, na verdade um pai, que as palavras sinceras proferidas por Xavier jamais serão ouvidas por Logan, que em um único e rápido momento de distração perdeu a única coisa que ainda tinha algum “significado” naquela sobrevivência, essa é a palavra, não vida. Sobrevivência.
O enterro do professor por Logan, completamente devastado sabendo que não havia propósito mais, não havia mais um objetivo, uma missão para cumprir, a falha e a raiva. O desapontamento, a tristeza...
“[...] Tem água... tem água e...”
O simples gesto de Laura ao cativar todos durante duas horas de filme, deitar a cruz... transformando aquilo em um “X”.
Não, Logan não é o melhor filme de herói que o mundo já viu, é um filme com defeitos, perde o ritmo no terceiro ato, depois da família torna-se outro filme, mais lento e sereno. Pra voltar com a mesma intensidade do começo no fim, nos últimos minutos de projeção. Não é a melhor coisa do mundo, mas é real, funciona.
Às vezes é cru, faltando trilha sonora (tão presente e tão bem escolhida nos trailers, teasers, etc,) que não foram de enganação, os trailers entregam aquilo que prometem. Eles mostram o que o filme é, o resto é suposições e besteira imaginadas por pessoas alheias ao que a obra é, uma despedida de um grande personagem, que recebeu um filme digno.
Me emocionei, me assustei, senti raiva, senti medo e é engraçado saber que Logan, mesmo passando por todas as merdas que a vida impôs sempre continuou em frente, com o rastro de sangue e a morte em seu encalço.
“ - Logan, você ainda tem tempo”
Se fosse pra escolher um dos pontos mais fortes do filme, dentre tantos pontos positivos e alguns negativos, escolheria os diálogos como o grande trunfo de Logan.
“ - Então essa é a sensação...”
E sem dúvida Cash toca nos créditos!
“ - Cuidado com a luz!“
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