Lupas (19)

Panfletagem.

Por um breve instante imaginei que fosse uma espécie de defensoria ao criminoso por toda aquela balela que rodeia o pensamento de alguns tolos que buscam a famosa passada de pano alegando condição social. Não é isso não , e apesar de algumas entrevistas que ficam muito na base do "eu acho" o trabalho de Padilha é muito competente em tentar compreender o todo que cerca uma situação com a do Ônibus 174 e o panorama da segurança pública nacional.

Um documentário muito bem realizado, polêmico e ousado.

é como uma pequena bomba, criada por várias mãos, e que os estilhaços acertam todos, sem exceção

Fugindo da imparcialidade, o público é levado à uma série de questionamentos sobre a origem da criminalidade entre os jovens. Mas peca no modo em que se foca especificamente no caso do ônibus.

Um recorte social do Brasil. Ao ver o filme e não conseguir ao menos fazer uma reflexão mais ampla sobre os problemas de criminalidade e suas causas e efeitos e o despreparo policial, sinceramente seu conservadorismo sobrepõe a sua inteligência.

Porque o Brasil é um país violento? Injusto? Arrogante? Essa obra-prima de José Padilha, de caráter ESSENCIAL, te ensinará a sociedade em que vivemos, e porque existe maldade e ignorância em nosso mundo.

Um preso diz para as câmeras aquilo não é nem 1/3 da realidade. Esse comentário que se referia situações nas prisões pode ser aplicado a todos os temas apresentados. Mesmo sendo muito abrangente, Padilha não dá respostas que não tem, só mostra a situação.

É no sistema falho, caos social, na polícia despreparada, na violência urbana, na hipocrisia e egoísmo da sociedade, na vida degradante dos marginalizados e na nossa própria indiferença que Padilha origina uma obra-prima de realismo e choque necessário.

O jogo de pontos de vista criado pela montagem frenética cria uma angústia constante. Ácido, um reflexo quase imparcial de uma sociedade, mas que sabe muito bem o que quer dizer.

Achei um pouco arrastado e redudante, poderia ser mais curto e direto.

16/02/05

Provavelmente um dos filmes, documentário ou não, mais humanos e sensíveis de todos os tempos. Aqui, Padilha leva o cunho social que seus trabalhos seguintes também teriam à máxima potência. Fica a reflexão...

Documentário tenso, angustiante, denso e corajoso. Padilha já mostra o interesse pelo tema que viria se repetir nos seus filmes sucessores e ainda nos faz adentrar no horror vivido dentro do ônibus. Só peca no momento ápice, usando slow motion bem chato.

Dos mais incisivos e perturbadores documentários brasileiros já feitos. Joga no nosso rosto que a invisibilidade social se tornou cotidiana e o quão individualistas somos.

Jogar toda culpa em cima do "bandido doente" é fácil. Difícil é ter a coragem de assumir um contraponto e mostrar igualmente o outro lado podre da moeda. No fim, Ônibus 174 não é feito para ser bom ou ruim, mas sim para fazer você refletir sobre o todo..

Espetacular - e perturbador!

Ainda que toda a tensão construída no ato final seja diminuida pelo excesso de flashbacks e entrevistas, 'Ônibus 174' documenta não só um trágico evento da história do nosso país, mas também uma realidade desagradável que ainda cria mais e mais Sandros.

Antes de Tropa de Elite Padilha realiza um documentário tenso que apoiado na chocante história de Sandro levanta e discute polêmicas essenciais à sociedade brasileira.