Em 2006, uma obra cinematográfica nos apresentou ao mundo da moda e das revistas de grife: O Diabo Veste Prada, foi muito bem sucedido em sua proposta, com roteiro ágil, boas interpretações e com alguns bons momentos de humor, talvez não fosse o filme perfeito, mas, ao menos, era divertido. Então, em 2009 foi lançado Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, uma obra abaixo da primeira, mas que ainda assim possui alguns méritos.
Rebecca Bloomwood é uma jovem jornalista (Atenção: semelhanças com a obra estrelada por Meryl Streep são, ou talvez não, mera coincidência) que trabalha para uma revista de jardinagem e possui uma compulsão por compras. A garota conversa com manequins, divide o preço de suas roupas em doze - isso mesmo, doze - cartões de crédito, e compra qualquer coisa que apareça a sua frente. Não é de se esperar que logo ela se encontre cheia de dívidas que ela não consegue quitar. A situação da jovem se complica, quando a revista onde trabalha acaba fechando. Em uma jogada do destino, a jovem Becky acaba caindo -literalmente- na editora de uma revista de economia, onde por ironia do destino ela precisa escrever sobre como ajudar as pessoas a cuidar bem do seu dinheiro.
O filme então segue o desenvolvimento da garota em sua tentativa de frear seu vicio, e a partir daí, parte de situações, que em ponto parecem inverossímeis, tamanho o azar da jovem, para contar a sua história. O humor presente no filme talvez não funcione com todos, já que várias situações vão contra o senso de lógica comum: como em uma cena na qual a protagonista, mesmo tendo a certeza que o homem que está no elevador é o seu cobrador de dívidas, resolve ligar para ele na tentativa de vencer suas suspeitas. Mas, mesmo assim o filme possui algumas cenas divertidas, como quando Becky praticamente joga no lixo todo o esforço que uma psicóloga teve para manter o seu grupo de "Compradores Compulsivos" livres do vício.
O principal destaque da obra vai para sua protagonista, Isla Fisher, que consegue ser carismática durante toda a exibição do longa e possui um timing para a comédia que faz com suas cenas valham a pena e funcionem na maioria das vezes. O restante do elenco se esforça, mas nem todos conseguem ter a mesma simpatia que sua protagonista.
Mesmo contando com bons momentos, o filme acaba caindo na mesmice durante seus momentos finais. As soluções são fáceis demais, a redenção de Becky não convence, e romance acaba sendo, talvez, um dos mais sem graça da história. Além disso, o filme poderia ter sido mais cuidadoso com sua direção de arte. As cores são muito fortes e tudo acaba parecendo muito artificial, um pouco difícil de engolir.
Os Delírios de Consumo de Becky Bloom pode não ser tão bom quanto O Diabo veste Prada, mas se mostra um pouco efetivo naquilo que se propõe afinal o mundo das roupas e grifes, talvez seja um pouco mais difícil e complexo do que se pensa e nem sempre adaptações sobre ele poderão dar bons resultados, até porque roupas e sapatos não alcançam um público um pouco mais crítico, que não se contenta com manequins falantes e echarpes verdes como símbolos do consumismo.
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