Apesar da aparente inocência que encobre os animais de estimação, há quem tenha certo receio à cerca deles. Alguns temem especificamente gatos. E parece que alguém resolveu levar essa fobia ao cinema. Pelo menos é assim que Seung-wook Byeong tenta criar os momentos de tensão de seu filme. Acontece que o problema maior nem foi ter realizado sua obra à partir desse plot duvidável, mas sim ter sub-aproveitado diversas oportunidades que ele mesmo teve a capacidade de jogar fora. Não consegue nem ao menos entregar um drama decente, pois mesmo se assumindo como terror, fica tonteando entre esses dois gêneros como se fosse um mosquito envenenado. É um desagrado até mesmo para o pouco exigente público afeito à este tipo de produção, pois nem mesmo bons calafrios Byeong consegue arrancar.
O desenvolvimento da narrativa nos apresenta So-Yeon, uma jovem que sofre de claustrofobia desde a infância e trabalha em um pet shop, dando os devidos cuidados e luxos aos animais. Sua vida passa à ser atormentada à partir do dia em que uma das clientes da loja, dona de um bichano, aparece morta dentro de um elevador logo após ter pego o seu gato na loja. Yeon vai à cena do ocorrido e um policial pede para que ela tome conta do animal da falecida. E, logo após esta fatalidade, vários casos similares começam à acontecer, todos envolvendo pessoas próximas à gatos. Yeon logo começa à suspeitar que poderia estar sendo perseguida por um espírito que se manifesta através dos bichanos.
Um dos maiores aspectos que faz um enredo desses valer à pena é a construção da figura fantasmagórica. Já que o ponto principal são as assombrações, então o personagem encarregado desta ação deveria ser muito bem desenvolvido; para que este consiga devidamente atingir o espectador. Pois não adianta bolar um amontoado de cenas pseudo-assombrosas, que não provocam a mínima indiferença principalmente pelo roteiro não ter feito uma melhor ligação nossa com o reator que supostamente deveria causar medo; tudo acaba parecendo solto e sem emoção. Além das repetições, é claro; como neste caso, em que mais uma vez a figura infantil é utilizada como artifício atormentador. E Byeong em nenhum momento parece querer mudar o panorama de seu fantasma; recicla um clichê que já está velho, desgastado e irritante.
O fato da protagonista sofrer de claustrofobia poderia ser muito melhor aproveitado por Byeong. Os lugares fechados que causam tanto pânico à So-Yeon parecem não ter nenhuma ligação com o espírito que assombra. O pior é que o filme acabando tomando um rumo desnecessário de drama de superação em seu ato final justamente pelo mal aproveitamento da fobia da personagem. E os gatos, que ora são postos como vilões macabros, em outras Byeong dá à entender que os bichanos são nada mais do que indefesos seres que, na verdade, estariam inocentemente e indevidamente ocupando o espaço dos humanos, estes agora tratados como os seus cruéis carrascos. Uma mudança de visão sofrida que invalida completamente o plot inicial do longa.
Definitivamente este ''The Cat'' não foge à regra dos maneirismos típicos de produções do tipo. Inclusive, é fácil de perceber e fazer uma comparação entre este aqui e alguns dos filmes de Hideo Nakata, como ''Ringu'' e ''Dark Water'', dois exemplares que certamente não apenas serviram de inspiração para Byeong mas até mesmo de plágio, tamanha a semelhança das narrativas. E, se os trabalhos de Nakata já eram irregulares, imagine uma legítima adaptação de ambos tirando os (poucos) bons momentos de tensão que tinham. O que sobra é uma obra absolutamente aborrecida; que parte de uma premissa desinteressante e consegue finalizar ainda mais inócua em relação ao princípio. Além de sequer apresentar uma única cena impactante. Quanto ao espectador? Apenas observa e logo descarta.
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