"Um filme inesquecível que prova que o amor, a família e a imaginação conquistam tudo"
Sem dúvidas, Roberto Benigni criou uma obra poderosa, espirituosa e otimista. Na verdade, seu filme é muito mais pra ser sentido do que analisado. Porque se for o contrário, a essência, a poesia e a linda mensagem transmitida pelo diretor não teria a força suficiente pra falar com cada um de nós. A superficialidade, o fato de muitas pessoas não terem gostado do filme, é o ponto usado pelo diretor para que toda poesia da obra fosse transmitida, por isso, ao meu ver, toda a superficialidade é usada de forma justa.
Com toda ousadia, o diretor, que é considerado um dos cineastas mais cômicos da Itália e do mundo, trouxe um pouco de sua realidade para as telas. Benigni já havia participado de outros filmes e até mesmo dirigido e foi o que o deixou famoso e super conhecido na Itália. Seus pais haviam sido vítimas da Guerra e foram acampados em um campo de concentração, mesmo não sendo eles judeus, ele não tinha nascido ainda, mas este acontecimento mudou para sempre a vida de sua família. Binigni nunca havia pensado em fazer um filme sobre o holocausto, até que leu algo que tocou seu coração. Trata-se de uma frase de Leon Trótsky, um revolucionário russo lider do Exército Vermelho, que estava escondido para não ser pego pelo exército rival, Stalin, e no momento de puro terror e tristeza ele declarou que mesmo nesses momentos difíceis "A vida é bela".
E sobre esse pensamento e o holocausto, Benigni junta as duas coisas para nos trazer um filme que é pura mensagem. Na primeira parte conhecemos Guido (Roberto Benigni) e sua estilo de vida, um homem feliz, encantador, carinhoso, com um bom coração, divertido, brincalhão, inocente, infantil, e apaixonado. O roteiro acerta nesse aspecto, ao mostrar que Guido sempre foi daquele jeito e não ficou assim só por causa de seu filho e do Holocausto. Ele se apaixona pela professora local, Dora (Nicoletta Braschi). Parecendo com um conto de fadas, os dois se casam e tem um filho. É super delicioso ver como tudo isso acontece, o excelente senso de humor, a fantasia, a fábula e o amor tratado de forma tão carinhosa e apaixonante.
Depois destes acontecimentos, dá-se início à segunda e melhor parte do filme. Guido e seu filho são levados à um campo de concentração e sua esposa com o forte desejo de ainda manter a família unida resolve ir junto. Se já fomos tocado pelo história e perspectiva de vida de Guido, agora é que iremos mesmo perceber que ''a vida é bela''. Dora fica do outro lado do campo com as mulheres e Guido fica com seu filho, e para protegê-lo, ele inventa um uma pequena mentira, dizendo que tudo aquilo faz parte do jogo no qual eles estão participando. A relação de pai e filho é a coisa mais linda. Outro ponto positivo no roteiro são as pequenas mentiras inventadas por ele para convencer o menino, como o tanque de guerra que será o prêmio pra quem vencer o jogo, são até bem criativas rsrss.
Todo espírito otimista se faz presente no filme. A cena em que ele se declara no alto falante é fabulosa, e os sentimentos são verdadeiros, sentimos a forte conecção de amor e tristeza se entrelaçarem. A cena mais divina do filme, e que na minha opinião é uma das mais belas que eu já vi, é a cena que Guido pisca para o filho e recebe outro em troca. Benigni podia apelar e fazer toda aquela melancolia nessa cena, colocando trilha sonora triste e impactante, estendendo a cena com longos minutos e tudo mais, o que vemos são no máximo 20 segundos com a trilha alegre e feliz e sem muitos detalhes da cena. Isso prova que os sentimentos mostrados no filme não são afim de nos fazer chorar (mesmo fazendo), e sim de nos deixar feliz ou de nos fazer chorar de felicidade e não de tristeza. Benigni provou que o espírito e a intenção do filme não foi fazer as platéias chorarem e sim de nos deixar com um sorriso no rosto.
Ao fim, a cena do menino sozinho no pátio e de repente o tanque de guerra aparece, pra muitos pode parecer proposital, e eu também acho, mas acho também que foi super necessário, afinal se o filme terminasse triste, toda ideologia de Benigni não teria sentido. E espero que as pessoas não achem o final do filme ruim, o reencontro e a felicidade do menino em contar que ganhou de presente o tanque e toda aquela felicidade da mãe abraçando-o, é a prova vida de que por mesmo que passemos por momentos difíceis, temos que encarar a vida com um sorriso no rosto, e acreditar que no final tudo dará certo e isso Benigni acertou em cheio. Super merecedor de todos os prêmios que recebeu mundo à fora, e não foram poucos.
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