“Fora o visual bonito e a mensagem para as crianças, o filme tem um clímax, que na verdade parece que não existe''
Henri Selick estreou como um diretor competente, afinal seu filme "O Estranho Mundo de Jack" virou um clássico natalino e um clássico das animações. Realmente o filme é ótimo. Continuou no caminho e lançou ''James e o Pêssego Gigante'' em 1996, no qual fez parte da lista de indicados à Melhor Trilha Sonora no Oscar. Seguindo o mesmo estilo Stop-Motion misturando fantasia e um visual digno de aplausos, Selick lança em 2008, Coraline, partindo dessa mesma premissa, com visuais estonteantes e filmagem em Stop-Motion. E eis que Coraline veio pra provar que visual e técnica não é tudo.
A personagem Coraline, que dá o nome ao título, acaba de se mudar com sua família pra um lugar um tanto chato. Curiosa e Espontânea, Coraline, cansada da nova vida sem amigos, seus pais sempre ocupados, sem brincadeiras e sem algo que fizesse seu dia passar, começa a explorar o lugar, até que encontra uma porta secreta que a leva pra um lugar mágico e imaginário onde tudo parece ser melhor, até mesmo seus pais, que parecem ser menos ocupados e mais atenciosos.
A história vem do livro de Neil Gaiman, escritor do maravilhoso Stardust, mas infelizmente o roteiro fica nas mãos de Selick, e o que parece ser uma história criativa e gostosa, acaba por se tornar clichê, absurda, e cheia de furos. Aquela mesma premissa da criança que não aguenta mais a monotonia do lugar e acaba encontrando algo novo ou um lugar secreto, em Coraline, é o novo mundo secreto. Meu Amigo Totoro, O Menino do Pijama Listrado, Os Goonies (não é bem essa premissa, mas trata-se de um novo lugar secreto) e até mesmo ''O Estranho Mundo de Jack'' tem a mesma história, contada de forma diferente, é lógico, mas é a mesma coisa. Coraline tem o problema de milhares de crianças do cinema: ''Meus pais não me dão atenção''. ''Onde moro não tem ninguém, preciso fazer amigos''. e assim vai.
Apesar de se tratar de surrealismo, Selick mistura tudo sem se preocupar no que está sendo real ou não. Coraline ao entrar na porta, descobre um outro mundo. Nisso, Selick acerta. O Visual do lugar é estonteante e muito belo com um toque sombrio. Só de olhar o olho costurado com um botão já dá arrepios. Até ai tudo bem. Tudo começa a desandar quando Coraline começa a visitar o lugar com freqüência. Não se sabe porque um hora ela consegue entrar e outrora não tem acesso ao lugar. O Gato fala com ela tanto no lugar secreto quanto fora. Apesar da imaginação da criança ser capaz de tudo, todas essas situações deixaram o filme ao mesmo tempo Surreal e sem cabimento. Aquela boneca não se sabe o paradeiro e o real motivo da ligação entre ela e aquelas Senhoras, por exemplo. Não que se deva explicação pra tudo, mas são coisas que deixa o filme pela metade.
Ao mesmo tempo que o filme se revela ser um filme pra adultos, o filme se torna infantil. A mensagem batida de que nossos pais são insubstituíveis, ou qualquer outro a quem amamos, faz do filme um tanto infantil, com um desfecho brochante e simples. Coraline amadurece entre esse tempo e terá de decidir se quer costurar seus olhos e fazer parte daquele mundo aparentemente perfeito, com tudo o que ela sempre queria. Além de se meter em outra aventura em busca dos olhos de outras crianças que caíram nas armadilhas da bruxa. Enfim, foi decepcionante. E apesar do filme não ser ruim, ele é bem fraco. Talvez por eu ter esperado muito dele.
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