Dez anos se passam trazendo consigo 8 produções com 7 subtítulos abaixo de um único nome: Harry Potter.
O desfecho da mais lucrativa franquia de cinema da história vem como sempre carregada de publicidade, expectativa, surpresas e decepções. Avaliá-lo é refletir sobre todos os fatores que levaram a saga a se consolidar como um sucesso estrondoso que acumulou milhares de fãs e de dólares ao redor do mundo.
Harry Potter sempre foi referência em seus aspectos técnicos que estão mais aprimorados do que nunca nesse último lançamento. O que dizer de sua fotografia impecável? Justamente apenas isso, um altíssimo nível que conferiu um visual diferente e atrativo em cada episódio, que começou a divergir no terceiro, fator considerado crucial para o sucesso da série até aqui. E cada compositor deixou sua marca em trilhas sonoras belíssimas e únicas, e nesse último temos um Desplat maravilhosamente inspirado que soube respeitar as faixas tradicionais e ousar atribuindo um tom dramático às cenas de batalha. Direção, em todas suas vertentes, como sempre realiza um excelente trabalho, contando com efeitos especiais de primeira linha e inquestionável qualidade. E tudo isso acompanhado de seu grande trunfo: seu desfile com o casting do melhor do elenco britânico, com nomes de peso como Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Maggie Smith, Michael Gambon, Gary Oldman, Ralph Fiennes, entre outros.
Todos esses elementos inflam um orçamento milionário que é o que sustenta uma trama que muito deixa nos bastidores, e cuja figura do protagonista imposta durante toda essa trajetória é ainda frágil para assegurar uma história cativante por si só.
Em meio a tantos personagens intrigantes e certamente capazes de sustentar boas tramas secundárias bem desenvolvidas, somos encaminhados aos menos interessantes pela maior parte do tempo de todas as projeções, bem interpretados pelos atores mas que deixam a desejar enquanto personagens, correndo para lá e para cá enquanto vários outros se mobilizam em lutas individuais na batalha, dando uma sensação de que já vimos isso antes, e puxando na memória vemos que isso é um fato.
E em meio a tudo isso temos um vilão quase onipresente, que se vai tão breve quanto sua participação ao longo dos filmes, que quando começou a ganhar fôlego em Ordem da Fênix foi literalmente deixada de lado em Enigma do Príncipe, e voltando em Relíquias da Morte Parte I já era tarde demais, e Voldemort ficou assim, fraco, sem mostrar de onde e muito menos a que veio. Ver a atuação brilhante de Ralph Fiennes nesse último filme só nos faz lamentar ainda mais suas escassas aparições.
E com outros personagens não foi diferente. Os alguns poucos momentos dados a Bellatrix, Snape e McGonagall desmerecem seus excelentes intérpretes.
Tanto a primeira quanto a segunda parte correm com tudo aquilo que os outros filmes ignoraram, não dando conta de acertar todos os pontos mas deixando muito pouco a desejar nesse sentido, quando somadas dão um desfecho satisfatório a série.
Mesmo que emocione e divirta o telespectador, deixa um gostinho de quero mais ou faltou alguma coisa até ao mais assíduo dos fãs. Um filme com cenas maravilhosas, porém breves, de luta, o que não é de todo um defeito, uma vez que momentos de carnificina dão espaço a belas cenas como as memórias de Snape ( tida por muitos como o ponto alto do filme ) bem como sua morte. O amargo que fica é o mal aproveitamento de cenas muito aguardadas por todos, tais como o beijo de Rony e Hermione e o duelo entre Molly e Bellatrix, isso sem falar nas apenas imagens dos cadáveres de Fred, Tonks e Lupin.
Mantendo sua fórmula e qualidade que até hoje deram certo, Harry Potter e as Relíquias da Morte Pare II é um bom filme e excelente opção de entretenimento, e nada além disso, não sendo nem o sonho nem o desapontamento de nenhum fã, mas um filme com uma qualidade técnica superior à muitos outros que já passaram pela telona e muito bem produzido como sempre.
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