Lupas (396)

Argumento redondinho, recheado dos cacoetes típicos da Nouvelle Vague: Balzac, luta de classes, a promiscuidade apresentada como forma de protesto contra o "conservadorismo da sociedade", pseudofeminismo etc.

Não bastasse o argumento de extremo mau-gosto, as cenas repugnantes desse gore descerebrado provavelmente irão levar ao delírio alguns sádicos enrustidos. Que uma sessão de tortura possa ser confundida com "entretenimento" é um sinal desses novos tempos..

A intenção foi boa: a sátira aos defensores do criacionismo é apresentada de forma criativa, porém a execução não empolga.

A primeira metade é brilhante mas Sturges acaba perdendo o fio da meada no decorrer da metragem, transitando bruscamente entre os mais variados gêneros, e culminando em uma conclusão que não respeita as premissas construídas anteriormente.

Uma espécie de remake de "Pai e Filha", mais de uma década depois, porém, inferior.

A história é, por si só, absurda: a mãe perde o filho e resolve virar socialista como uma forma de espiar sua "culpa pequeno-burguesa". A associação pretendida entre comunismo e caridade cristã só deve existir na cabeça do diretor.

Roteiro esquemático e previsível; algumas situações são muito"convenientes" e difíceis de engolir - como, por exemplo, a facilidade com q o assassino é encontrado, a extrema "acessibilidade" da atriz famosa e a coincidência de eventos que daí advêm.

Divertido, apesar de infantil e de sofrer daquele retardamento próprio dos pré-adolescentes.

As boas atuações compensam um pouco o roteiro maniqueísta, mas há sérios problemas na construção de personagens e na ligeireza com que alguns fatos históricos são retratados.

Bastante irregular - e muito parecido com Por Um Punhado de Dólares -, mas consegue impor o seu próprio estilo.

Uma abominação!

Kurosawa fora de seu habitat natural...