Lupas (799)

A simpatia e palatabilidade da trama, com todo o jeito e inocência de filme infantil dos primeiros tempos, é o grande trunfo do longa. Ainda que funcione apenas como passatempo com "lição de moral do dia", é suficientemente divertido.

Chazelle retoma uma estrutura narrativa comum, transformando-a, por meio de um arranjo técnico eficaz (trabalho de som e montagem são sensacionais), em uma jornada eletrizada e excitante. E a presença de J.K. Simmons é assustadora.

Os fatores e elementos que tornam "A Malvada" um grande filme (e um grande clássico) são muitos, e precisaria de várias linhas para falar sobre eles com o devido cuidado. Seguem, então, palavras-chave: roteiro, elenco, diálogos e Bette Davis.

Se o primeiro longa já não havia propriamente funcionado comigo, imagine esse, no qual Raimi parece dobrar a aposta. A história praticamente inexistente é uma mera desculpa para loucuras cênicas e a exploração dos (bons) efeitos mecânicos, o que é pouco.

Sempre curiosa a sensação de assistir aos filmes que moldaram a indústria hollywoodiana, aqueles que estigmatizaram aquilo que hoje é formulaico e ainda conseguem cumprir seu propósito de divertir: "King Kong" é um desses filmes.

A primeira parte do filme é sensacional e certamente fica marcada como uma das melhores coisas que o gênero já ofereceu. Eventualmente o longa cai um pouco (não precisava ser tão longo), no entanto é inegável que se está assistindo a um grande clássico.

Mais focado em um discurso, "Dia dos Mortos" instiga discussões sempre presentes na filmografia de Romero - aqui, de forma mais evidente. A ameaça humana dentro de um contexto apocalíptico consegue certo sucesso, mas caberia um mergulho maior no tema.

Mesmo com a ambientação acima da média na imagem e no clima instalado pela direção, "Estrangulado" peca justamente naquilo que um filme de gênero não pode falhar: na energia de seu mistério e na pungência de seu discurso. E esses pecados são fatais.

São facilmente reconhecíveis os pontos em que o filme dá certo: a abordagem social dos mitos de terror e a perspectiva dúbia dos eventos, embaralhando realidade e delírio. E, por não apostar com mais força nisso, o longa acaba perdendo parte do fôlego.

Um encantamento para os olhos todo o arrojo técnico de "Zama", que serve para silenciar alguém que ainda diga que o cinema latino não tem qualidade técnica. Porém, a narrativa diluída e picotada prejudica o resultado final, o que é uma pena.

A duração é um pouco excessiva e, no fim das contas, o argumento humanista e anti-bélico consignado em um punhado de belas cenas se mostra muito mais forte e impactante que o filme como um todo.

Além da trama cair em caminhos "novelescos", o que não necessariamente é culpa do próprio longa, a construção dos personagens e suas intenções não funcionam suficientemente, o que é fatal para um filme que basicamente se sedimenta nisso.