Com "Os Infiltrados", o aclamado diretor Martin Scorsese ganhou seu primeiro oscar da carreira. Naquele ano, 2007, bateu concorrentes de peso, como o supervalorizado (pelo menos para mim) "Babel", "Pequena Miss Sunshine" e "Cartas de Iwo Jima". Já era esperado que Scorsese partisse dessa para uma melhor sem nunca levar uma estatueta para casa. O diretor havia batido na trave em outras cinco oportunidades, entre elas, com clássicos como "Touro Indomável" (1980) e "Os Bons Companheiros" (1990). O trabalho magnífico feito em "Os Infiltrados", no entanto, veio para coroar muito mais do que um ótimo filme de máfia, a academia finalmente premiou um dos melhores cineastas de todos os tempos – sem exageros.
Falando em máfia, é notória a influência dos grandes clássicos do gênero no recente longa de Scorsese, especialmente do seu filme anterior, o já citado "Os Bons Companheiros". Aliás, muito se duvidava da capacidade do diretor de produzir uma trama competente e completamente diferente de sua obra-prima, mas ele conseguiu. Só a título de curiosidade, muitos sites e livros consideram que "Os Infiltrados" é uma refilmagem do longa chinês "Conflitos Internos", de 2002. No entanto, a grande verdade é que Scorsese apenas se inspirou no thriller asiático para compor sua obra. Segundo o próprio diretor, ele leu o roteiro e achou bastante interessante, mas evitou assistir à trama antes de criar o seu próprio produto. O resultado, como podemos comprovar, é completamente diferente, o que prova que ele utilizou-se somente de uma ótima ideia pra criar o seu enredo.
Ambientado na cidade de Boston, maior cidade do estado norte-americano de Massachusetts, o filme conta a história de dois policiais. O primeiro é Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), de temperamento violento e explosivo. Com antepassados que participaram efetivamente do submundo criminal, ele é a arma perfeita para se infiltrar no crime organizado e tentar prender o grande chefe da máfia, Frank Costello (Jack Nicholson). Do outro lado, Colin Sullivan (Matt Damon), tem ficha limpa e passagem exemplar pela academia policial. Contudo, quase ninguém sabe que ele é o informante de Costello no Departamento Estadual da Polícia de Massachusetts.
Para fugir do esteriótipo do mafioso italiano que vem para a América (na maioria das vezes Nova York) e vira o grande chefe do crime organizado, Scorsese preferiu retratar um movimento crescente em Boston no início dos anos 1970 – a máfia irlandesa. Para isso, contou com a ajuda de Thomas B. Duffy, veterano que fez parte da polícia de Massachussets durante mais de 30 anos. Segundo ele, os roteiristas acertaram ao eleger como trama principal os eternos conflitos entre os mafiosos irlandeses e a polícia local. Falando em roteiro, "Os Infiltrados" veem no argumento o seu grande trunfo. Cheio de reviravoltas convincentes e diálogos bem elaborados, o filme consegue instigar e entreter o espectador durante as mais de duas horas. Além disso, as subtramas que envolvem o longa conseguem superar as expectativas, e em nenhum momento se tornam desinteressantes ou enfadonhas.
O elenco, recheado de super-estrelas de Hollywood, faz bonito. Acho inacreditável como Leonardo DiCaprio nunca ganhou um oscar na academia, pois aqui, ele nos brinda com o melhor papel de sua carreira e um dos melhores desempenhos da última década. Infelizmente, parece que ele ficará para sempre marcado como o insosso Jack de "Titanic", uma pena. Falar de Jack Nicholson é chover no molhado, já que o veterano das telonas é um ícone para o cinema mundial e surpreende a cada novo filme em que participa – um legítimo show em cena. Um que foi pouco falado, mas que para mim quase rouba a cena do longa, é Mark Wahlberg, que na pele de Dignam, entrega um personagem irônico e extremamente divertido – é aquele que consegue quebrar o ímpeto extremamente sério da história com doses sarcásticas de humor.
"Os Infiltrados" pode ser tranquilamente considerado uma obra-prima do cinema contemporâneo, pois, com extrema qualidade, consegue mesclar um tema denunciativo e inteligente (o jogo de gato e rato entre polícia e máfia) - tudo isso da forma mais original possível. Martin Scorsese, por sua vez, eleva às alturas um gênero que andava perdido em meio a clichês e falta de qualidade nos últimos anos – o gênero gângster. Para os amantes do cinema e principalmente dos clássicos da máfia, "Os Infiltrados" é obra obrigatória, e já adianto que o final, apesar de controverso, é de deixar o queixo cair. Eu pelo menos achei SEN-SA-CIO-NAL!
PS: Só para deixar registrado, a trilha sonora complementa o filme da melhor maneira possível. Méritos para Martin Scorsese, que é grande fanático por rock and roll. Destaque para I’m Shipping Up To Boston, dos américo-irlandeses do Dropkick Murphys e para Gimme Shelter, dos Rolling Stones. Falando nos Stones, no ano passado (2008), Scorsese dirigiu o show/documentário "The Rolling Stones – Shine a Light", que comemorou os 45 anos da lendária banda do vocalista Mick Jagger – aos amantes da boa música, fica aí a dica.
www.moviefordummies.wordpress.com
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