"TUDO O QUE VOCÊS CRIAM É USADO PARA DESTRUIR..."
De uns anos pra cá, criou-se um estigma de que filmes de ficção ou de ação devem ser levados à sério. Ou pior: devem se levar à sério. Pois bem. Luc Besson (O Profissional; Nikita) acertou em cheio ao ignorar este fato em O Quinto Elemento (The Fifth Element, 1997), pois se o fizesse, o desastre seria bem maior.
Digo que o desastre seria maior por que, mesmo se tratando de uma comédia/ficção/ação, o filme está longe de ser uma obra acima dos questionamentos. Muito pelo contrário. Os defeitos são muitos, mas ainda assim há o que se elogiar em O Quinto Elemento.
A trama gira em torno de Leeloo (Milla Jovovich), um ser perfeito de uma raça alienígena conhecida como Mondoshaw, considerada superior e que transmitiu sabedorias milenares ao humanos. Leelo é o quinto elemento que, em conjunto com os outros quatro (Água, Ar, Fogo e Terra) será capaz de derrotar uma entidade conhecida apenas como O Mal Supremo, capaz de consumir mundos inteiros e alimentar-se de suas energias. Com a ajuda do taxista Korben Dallas (Bruce Willis) e do Padre Vito Cornelius (Ian Holm), Leeloo deverá destruir este mal supremo em pouco mais de 24h.
Mesmo com um roteiro tão simples e até inoscente e infantil, O Quinto Elemento traz algumas cenas e seqüências altamente divertidas, como a hilária e sensacional decolagem do ônibus espacial. Impossível não deleitar-se com tanta diversão e sacanagem implícita com as sensuaias aeromoças (ou espaço-moças). Em certos momentos, as cenas de ação até lembram Duro de Matar, com Willis coberto de cacos de vidro em meio à tantos tiros (com seus efeitos sonoros indicados ao Oscar).
O elenco é de primeira. Bruce Willis dispensa comentários. Astros do cinema de ação geralmente são carismáticos e possuem presença marcante em cena (como Willis), mas Bruce Willis possui um talento MUITO acima da média, não só para astros dos filmes de ação, mas em comparação com atores dramáticos mesmo. Milla Jovovich ( Resident Evil; Ultravioleta; Joana D'Arc de Luc Besson; Homens em Fúria) pode não ser a musa-diva que seu inapto marido Paul W. S. Anderson acredita, mas não é uma atriz sem recursos, principalmente no que diz respeito à cenas de ação. Sua presença física na tela é muito boa até hoje. O vilão Zorg, capacho do tal Mal Supremo, é um personagem complicado, pois deve ser cômico, sem ser idiota. E aí que entra todo o talento do excepcional Gary Oldman (Hannibal; Drácula de Bram Stoker; A Letra Escarlate; Batman - O Cavaleiro das Trevas) que segura muito bem as pontas e dá todo o ar cartunesco ao excêntrico personagem. Mesmo renegado a papéis secundários, o eterno e sempre competente Ian Holm (Alien; Do Inferno; Carruagens de Fogo; Frankenstein de Mary Shelley; O Senhor dos Anéis) empresta um pouco de seu charme britânico e ar teatral à obra, enriquecendo-a demais. Como Ruby Rhod (claramente inspirado no cantor Prince)é o personagem mais irritante do cinema ao lado de Jar-Jar Binks (Star Wars - A Ameaça Fantasma), porém engraçado, o xarope do Chris Tucker (Tudo Por Dinheiro; A Hora do Hush) me pareceu uma escolha mais do que acertada.
Muito engraçado é o relacionamento de Dallas com sua mãe, que nem aparece, mas enche o saco do protagonista nas horas mais inapropriadas, até mesmo na hora de savar o mundo. Assim como os mercenários alienígenas, completamente imbecís e atrapalhados. E é óbvio que, em se tratando de uma comédia, algumas cenas são pra lá de bizarras e mesmo duras de engolir, como o McDonalds do futuro. E o que dizer de um mal supremo que faz ligações telefônicas????!!!!
Mas algumas coisas são verdadeiramente ruins em O Quinto Elemento e nem mesmo o tom cômico do filme as salva, como por exemplo, os efeitos especiais que, mesmo há 17 anos, são muito ruins. O filme apresenta boas idéias para utilazá-los, mas nem sempre (ou quase nunca) o resultado é satisfatório. Além disso, a falta de um clímax, ou mesmo de um confronto direto contra Zorg ou o Mal Supremo quebra completamente o final do filme, que já é prejudicado pelo outro poto negativo da produção: o ritmo da direção. Hora acelerado, hora morno pra caramba, o filme parece tropeçar nas próprias pernas ao tentar imprimir um ritmo frenético o tempo todo e tentar conciliar com um romancezinho entre Leeloo e Dallas.
Com problemas de ritmo, efeitos especiais ruins e um roteiro frágil, O Quinto Elemento se apóia em seu monumental elenco e no seu ótimo tom cômico para sustentar-se por mais de duas horas como uma aventura divertida e descontraída. Luc Besson está longe de ser um bom diretor - e sua filmografia confirma isso - mas aqui, seu trabalho é decente e competente. Vale como um passatempo bom e descompromissado que acerta em cheio em não ser nada pretensioso, como a maioria dos desastres da ficção. Fica a dica.
Pô Cristian eu dei 7,5 pro filme ele faz parte das minhas tardes de domingo na infância, hehe! Fala sério né caro, Gary Oldman é um dos melhores atores da história tinha que ter ganho um Oscar a muito tempo! Sobre o texto, mais uma vez parabéns!
Eu, particularmente, gosto desse filme Gabriel. O 6.0 foi pela revisita. Olhando com os olhos de hoje. Já sobre Oldman, suas interpretações em Hannibal, A Letra Escarlate e, principalmente, Drácula de Bram Stoker são marcantes!!!
Talvez se o filme passar por uma reanalise eu reduza essa nota de qualquer forma parabéns!
Já fiz isso várias vezes. Dei uma nota alta e depois reduzi, ou dei uma nota baixa e depois aumentei. Ache que, de acordo com o momento da nossa vida, interpretamos e somos influenciados de maneiras diferentes pelos filmes que assistimos. Valeu de novo.