Sem fôlego suficiente no uso do politicamente incorreto, o filme ganha pontos na ótima interação entre Efron e Rogen.
Vizinhos é uma daquelas inúmeras comédias derivadas dos filmes de Judd Apatow e sua trupe (da qual, não surpreendentemente, Seth Rogen faz parte). Como o politicamente incorreto parece ter finalmente ganhado seu espaço nas telas, uma vez que há um grande público para isso, nada mais justo do que investir nestes escapismos que usam e abusam do grosseiro e do grotesco. Vizinhos é apenas mais um em meio a este filão, o que não quer dizer que não seja uma obra divertida.
Quem assistiu ao trailer ou conhece o mínimo da trama de Vizinhos sabe que o longa se resume ao confronto entre o casal Mac e Kelly Radner (Rogen e Rose Byrne) e o novo vizinho musculoso Teddy (Zac Efron), líder de uma fraternidade que promove festas barulhentas a altas horas da madrugada. Semelhanças com Meus Vizinhos São um Terror não são mera coincidência, com a diferença de que o filme de Joe Dante é muito mais afiado na anarquia de seu humor.
Isso porque Vizinhos tende a atirar para todo lado. O diretor Nicholas Stoller (também um aluno da escola de Apatow) e os roteiristas Andrew Cohen e Brendan O’Brien vão desde o constrangimento em público até o humor duvidoso, que passa entre Rogen admirando e elogiando o corpo bem definido de Efron (comédias de teor homoerótico também já se tornaram uma constante) até a filha do casal Radner colocando uma camisinha usada na boca, momento este que já pode figurar como o mais insano de 2014.
Vizinhos não tem medo em abraçar esse humor que, para muitos, irá soar até ofensivo, mas o grande problema é que nem direção e nem roteiro parecem possuir fôlego suficiente para manter o nível durante os 90 minutos do filme. Não há nenhuma tentativa de se prezar por alguma originalidade, e talvez esta obrigação nem exista, mas Stoller não possui o talento para reprisar tantas gags e piadas e ainda mantê-las engraçadas. Boa parte dessa falta de fôlego também se deve a má interação entre Rogen e Byrne, que além de não possuírem química, são obrigados a carregar um bom número de diálogos simplesmente vergonhosos e que parecem se estender mais do que o necessário (algo típico de Apatow e seus derivados), como se os roteiristas acreditassem que, em algum momento, a graça seria encontrada. Infelizmente, não é sempre.
Mas é quando Rogen e Efron interagem em cena que o filme ganha pontos e se torna mais divertido. Muitos dos melhores momentos são protagonizados pela dupla, especialmente quando faz piada entre o cotidiano acomodado do personagem de Rogen com o cotidiano agitado e jovial do personagem de Efron, assim como não faltam tiradas envolvendo a diferença física entre ambos.
Contando ainda com divertidíssimas referências a seriados como Game of Thrones, Mad Men e Glee, além de um hilário debate sobre quem foi o melhor intérprete de Batman, Vizinhos demonstra coragem no uso do politicamente incorreto, ao mesmo tempo em que peca por apenas se manter nesta zona de conforto. Não é comédia para qualquer um, e certamente os que apreciam um bom besteirol se sentirão satisfeitos, mas fora isso, é apenas mais um entretenimento de humor negro entre tantos outros.
Gostei muito da comédia, tem um humor vigoroso (seja lá o que isso signifique), piadas muito boas e a caricatura do Efron combina e complementa seu personagem.
Efron, vestido de Travis Bickle e imitando o De Niro me fez rir por dias.
Filme lixo...
Com esses dois aí, sem chance. Obrigado. 😁