'Trailers"... Ame-os ou deixe-os... Quando eu assisti o trailer de "Vizinhos" fiquei super empolgado com gags bacanas e um cara que não pode ser o mestre da comédia mas pelo menos funcionava pra mim, Seth Rogen. Um problema maior do filme é que as únicas piadas aparecem nele e o roteiro indeciso não se define no decorrer da trama...
Acompanhado de Zac Efron (que prontamente ironiza seu estereótipo de bofe) e substituindo James Franco pelo caçula Dave Franco, Rogen aqui parte para o típico filme de duelo entre vizinhos, que toda geração de comediantes uma hora aborda (Walter Matthau contra Jack Lemmon, John Belushi contra Dan Aykroyd, Ben Stiller contra a velhinha de Duplex...). Na trama, Rogen e Rose Byrne querem ser pais descolados para sua filha recém-nascida, mas quando uma fraternidade de faculdade se muda para a casa do lado, o casal não aguenta a pressão da balada 24 horas por dia...
Os papeis mais uma vez estão totalmente estereotipados. Efron é o gostosão musculoso e Rogen é Rogen. Até que essa brincadeira funciona nos dez primeiros mas o roteiro de Andrew Cohen e Brendan O'Brien é uma putaria só, nos tratando por imbecis e asnos repetindo tudo de novo e de novo. Efron passa o filme inteiro falando "bro" e outros provérbios esdrúxulos e pasmem! O cara no fundo é um bom ator. Costurando um filme atrás do outro desde o sucesso meteórico decorrente de sua participação em "High School Musical", o ator passou por diversos caminhos desde musicais como "Hairspray", dramas ao estilo "Paperboy" e romances como "Um Homem de Sorte" e "Vida e Morte de Charlie" agora anda se aventurando na comédia mais desimpedidas como visto em "Namoro ou Amizade" que teve sua estreia no inicio deste ano. Desta vez em, seu papel é de fazer o estilo it boy (Teddy), o macho alfa da galera, embora a questão romântica e de mulheres não venha a ter destaque nesta produção, deixando apenas implícito o caráter pegador e líder do cara, que demonstra ainda curtir uma farra e uma bagunça desenfreada, sem contudo, perder a simpatia e o pique. Sanders é tratado ora como vilão ora como bonzinho e no final da fita terminamos por não saber essa definição...
O filme não deixa de criticar a este estilo de vida intensa que consome o presente e compromete o futuro, em determinadas passagens o personagem de Efron só enxerga o seu papel na universidade e na república, enquanto um outro amigo já investe em sua carreira buscando oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Esse é um outro problema do filme, ele não decide se é comédia, drama ou romance. Se o diretor Stoller tivesse competência suficiente para fazer essas alterações tudo bem, mas tudo fica uma bagunça incontrolável, exemplo disso a briga totalmente sem sentido do casal principal no meio da fita e posteriormente o personagem de Seth Rogen indo buscar sua esposa na casa de uma amiga, você nem lembra mais o real motivo que começou a briga e isso nem já faz diferença também.
O pior que a complicada relação entre vizinhos já rendeu vários filmes ao longo da história do cinema e filmes realmente bons. Desde filmes de suspense, passando por dramas bastante pesados e algumas comédias rasgadas, como o caso de "Meus Vizinhos São um Terror", dirigido por Joe Dante e estrelado pelo grande Tom Hanks. Se formos puxar na memória, chega a impressionar a quantidade de filmes que tem como pano de fundo essa relação cotidiana que caminha na tênue linha do amor e do ódio. O pior que essa comédia aqui fica em cima do muro.
A trama com tremendo potencial perde sua força à medida que se concentra tanto nas relações familiares como nos improvisos de Rogen. Os roteiristas se esquecem de estabelecer um bom número de boas gags para manter o ritmo, e o diretor Nicholas Stoller nada consegue fazer para conceber uma lógica que salve os momentos em que o filme simplesmente se detém para Rogen tentar ser engraçado. O timing de Stoller em conciliar narrativas cativantes com ótimas piadas, que renderam "O Pior Trabalho do Mundo", era cuidadosamente controlado quando o inglês roteirizava; a maior prova disso talvez seja o excepcional Os Muppets (2011), escrito por Stoller. Apenas dirigindo, Stoller não tem o arrojo de Edgar Wright para transformar boas gags escritas em boas gags visuais, o que deixa ainda mais clara a desmedida chuva de referências de "Vizinhos"...
As referências testam a nossa inteligência, pois são explicadas logo depois de retratadas na tela e ameaçam a qualidade das boas situações criadas. A história flui com dificuldade e não mantém um ritmo que prenda a atenção. Em vários momentos, o espectador fica com a impressão de que o tempo não passa. Por diversas vezes, a sensação é que a câmera foi simplesmente ligada e apontada para um grupo de amigos fazendo zoeira, o que nem sempre funciona. E voltando aos atores eu realmente acho Rose Byrne linda e extremamente competente, mas aqui é demostrado que sua praia mesmo é o drama sua veia cômica é ridícula e nunca deveria ter sido exposta...
Da atual safra de comediantes americanos, Seth Rogen talvez seja aquele com maior autonomia autoral. Logo que se tornou conhecido pelo estilo bobão-bom-coração dos filmes de Judd Apatow, junto com a turma formada por James Franco, Jonah Hill, Danny McBride e Paul Rudd - entre outros - começou a assinar projetos próprios até chegar à primeira incursão na direção, o bom É o Fim (2013). A licença de poder realizar histórias com liberdade criativa, mesmo dentro de grandes estúdios, é o diferencial do sucesso de Rogen & Cia. - ao utilizarem um humor contemporâneo que fala diretamente a uma nova geração de homens. O bromance e a irresponsabilidade juvenil, ainda mais para os adolescentes pós-'90s, assumido público-alvo da turma), são conceitos universais explicando o sucesso de Rogen. Mas aqui Rogen está patético, está na hora dele rever seu posto de atuação. Quem realmente tem um pouco de destaque é o ator Ike Barinholtz amigo do casal, quem acompanha o seriado da do canal FOX "The Mindy Project" irá reconhecer o caráter único na interpretação de Ike...
As únicas coisas que eu achei genial no filme e que evitaram dele ter uma nota mais baixa foram as piadas do 'Batman' e a cena 'Robert deNiro', foram fantásticas mas infelizmente elas não salvam o filme do desastre. Nesse sentido, Vizinhos representa uma leve mudança no olhar. É um filme que fala sobre responsabilidades, que coloca a família em conflito direto com a amizade masculina inconsequente. No entanto, o que possibilitaria uma sátira ao modo de vida da família americana comum – o antigo adepto da farra é agora o que agora reclama do barulho do vizinho – acaba burocrático na tela. E isso é realmente uma pena...
Tô em dúvida se assisto ou não....
Caralho, Lucas, que texto foda. Não concordo com tudo, mas ficou realmente muito bom. Eu achei o filme surpreendentemente bom. Funciona melhor como dramédia do que como comédia – não consigo gostar do Rogen, já o Efron manda bem e as melhores risadas vem dele. Todo esse lance de o filme lidar com as frustrações e medos dos personagens me conquistou. Pena que o filme martela isso em alguns momentos, ficaria melhor deixar tudo mais “subentendido”, talvez.
Poxa Pedro obrigado pelo elogio e realmente eu fico chateado por não ter gostado do filme...
Acho que deve ser por que você esperava algo hahaha. Eu só esperava ver a cara de bobalhão do Rogen em piadas sem graça e o corpo sarado do Efron, então qualquer coisa a mais seria lucro hahaha