Muito se diz que a personificação do mal na terra foi Adolf Hitler. O cabra realmente teve um pacto com o demônio, mas hoje existem níveis tão extremos de psicopatia que a encarnação do mal supremo não possa ser expressado com atitudes humanas devido a tudo que já foi desempenhado na história da humanidade. Não só Hitler demonstrou toda perversidade possível, mas em toda esquina que exista um pedófilo, assassino ou qualquer outro ser sádico e cruel, a maldade nunca terá fim. Vários crimes já registrados e julgados houve a brecha para determinar que o executante fosse considerado mentalmente incapaz de responder por seus atos. O Nazismo foi constituído inicialmente como instrumento benéfico para a população, um partido que trouxesse auxilio e amparo para os cidadãos, mas todos sabem que foi totalmente o oposto a isso que aconteceu de verdade. "O Aprendiz", filme adaptado de um conto do mestre supremo Stephen King trata sobre a descoberta da maldade e como ela pode ser estimulada...
Tudo se desdobra quando Todd Brown adquiri uma grande curiosidade com as aulas de história sobre o holocausto. O motim obviamente é o curioso e Todd acaba descobrindo que um vizinho idoso e brando é na verdade é um oficial nazista procurado pela justiça. Todd passa a chantageá-lo exigindo que ele conte e relate suas memórias da Segunda Guerra e caso ele não o obedeça, irá entrega-lo as autoridades. A partir de então, um tenso jogo psicológico surge entre os dois, ameaçando a sanidade do jovem.
Singer surgiu ao mundo com o excelente "Os Suspeitos" que possuía um roteiro fantástico. Depois deste aqui todo mundo sabe que ele abriu as portas para os super-heróis no cinema com os excepcionais "X-Men" e "X-Men 2". Com carta branca, se mudou com toda a equipe e entregou o ruim (ou talvez mal interpretado) "Superman - O Retorno". Para tentar retomar os louros de outrora em 2008 veio o bom "Operação Valquíria". Em seguida o blockbuster razoável "Jack - O Caçador de Gigantes", mas ele mostrou que sua praia mesmo são os mutantes liderados por Wolverine em "Dias de um Futuro Esquecido". "O Aprendiz" talvez seja seu trabalho mais denso e rigoroso, com toques de frieza e calculismo que não são repetidos ao longo de sua carreira. Tensão permanece durante toda projeção e ao longo da trama, vários elementos sombrios vão surgindo deixando os nervos a flor da pele.
Stephen King que sai da temática que o consagrou mundialmente e que possui total domínio, se inspira no conto "Verão de Corrupção: Aluno Inteligente". Aqui não existem monstros ou demônios, somente fantasmas adormecidos que afloram após diálogos perturbadores e uma certa dependência de ambos que é criada ao longo da narrativa. Todd conhecia as atrocidades contra judeus e inimigos da Alemanha somente por livros e fotografias e aí, aquela maldade dita no inicio do texto, aqui toma moldes diferentes e ele começa apreciar tudo isso e do outro lado o ex-comandante Denker começa a compreender que o jovem lhe trás enumeras recordações de um passado antes enterrado, mas que se manifesta de forma avassaladora. Sentimentos, sensações e percepções fogem de uma realidade até então pacata e serena.
O que move e conduz a direção de Singer é o assombroso estudo de personagens, pois todos guardam segredos e isso não é diferente para Todd e Denker e os métodos para um não cair na insídia de cada um é exatamente o complemento do enredo. É a transformação de Todd que aciona toda a engrenagem de sua personalidade. Mudança ou a encarnação de outra pessoa? Do mal? O título da fita não poderia ser mais pertinente, devido que o aprendizado de Todd é como se fosse um professor de física passando equações e macetes para que seu melhor aluno, preferido, atinge total aproveitamento na próxima etapa ou na próxima prova que ele irá realizar. O homossexualismo é mostrado como fraqueza, então ele é totalmente desvencilhado do comportamento imposto. O mais engraçado e controverso é que vários são os historiadores que questionam a real opção sexual de Hitler. Singer apresenta uma parte técnica discreta, mas não menos que impactante. Apresentando uma trilha sonora robusta, alternando entre o sútil e o compacto composta por John Ottman que já havia trabalho com Singer em "Os Suspeitos". A montagem é outro fator primordial para o sucesso do longa que é compactado em consistentes 112 minutos de projeção. Tendo custado apenas 15 Milhões de dólares o filme teve um montante total de 20 Milhões, ou seja não foi um sucesso estrondoso de bilheteria, mas obteve certo sucesso no mercado de home-vídeo.
A cereja do bolo, o elemento decisório de resultado positivo é a dupla protagonista. Brad Renfro que estreou na adaptação do livro de sucesso de John Grisham "O Cliente" de 94, mas que infelizmente parece não ter encontrado um rumo para sua carreira e acabou falecendo aos 25 anos de idade, vítima do vício por heroína. Um triste filme para esse ator que se mostrava bastante promissor. Já para dar vida ao velho Denker foi escolhido o calejado ator de teatro Ian McKellen que desenvolve um caractere estupendo, digno de sua história como ator. Destaque na lista de apoio, Joshua Jackson ex-Dawson's Creek fede nem cheira e o sempre eterno coadjuvante Elias Koteas está formidável.
A pergunta do que é o mal martela nossa cabeça ao término da sessão e a triste jornada de Todd chega ao fim, com um final ainda mais melancólico... Comportamento, maldade, etnia e sociedade recebem um tratamento primoroso e bem ou mal, certo ou errado a sensação que fica é de que por mais que sigamos um protocolo correto, a insanidade e crueldade sempre poderão bater em nossa porta...
Gustavo, garanto-lhe que se for assistir a película não terá surpresas negativas... Obrigado pelo elogio!
Pretendo vê-lo hoje mesmo, na verdade. Espero algo tenso como o conto, para falar a verdade.
Aliás, referente ao conto, adorei a forma como ele retrata as consequências aos atos do Todd. E sobre como fica alucinante no final. Imagino que o filme tenha sido fiel. 😁
O King é foda cara, sem dúvidas um dos maiores autores do nosso tempo...