"Adaptação do livro de Cormac McCarthy, obra dos Irmãos Coen entra na lista dos filmes mais supervalorizados da história do cinema."
Alguém acha uma maleta cheia de dinheiro e o verdadeiro dono dela vai em sua busca, em uma caçada de gato e rato. Este argumento, por si só, já é batido demais. Porém, os Irmãos Coen colocaram uma pitada de "os tempos mudaram" em sua narrativa, sob o ponto de vista de um velho (e incompetente) Xerife, para tentar fugir do clichê. Isso seria bem interessante se fosse melhor explorado, uma vez que só se evidencia no começo e no final da trama.
Para piorar, o desenvolvimento do filme é carregado de falhas. Chega a ser patético o fato do bandido Chigurh (Javier Bardem) encontrar Llewelyn Moss (Josh Brolin), o portador da maleta, em qualquer lugar. No início, tal fato é justificável devido a maleta ter um localizador escondido, mas e depois que o mesmo é descoberto e retirado dela? Sem falar que estou até agora sem entender a parte em que Moss esconde a maleta no duto ventilação de um hotel e depois pega outro quarto, fazendo uma tremenda gambiarra para retirá-la. Lembrando que até essa cena ele não sabia da existência do localizador. Outra interrogação que ficou em minha cabeça foi: por que diabos uns assassinatos são mostrados e outros não? Se o objetivo foi o de tornar a trama mais complexa, não funcionou. E a maneira pela qual o veterano Xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) é inserida na história, leva o espectador a questionar sua competência, chegando atrasado nas cenas dos crimes e sem falar que, em certo momento, ele vê os bandidos fugindo e prefere parar para ver o que aconteceu do que persegui-los.
Mas há também muitos pontos positivos na obra dos Coen. O mais destacável é a magistral atuação de Javier Bardem, que dá um tom assustador ao seu mitológico personagem, e faz muitos estragos apenas com um tubo de pressão para matar gado. A interpretação de Bardem e a caracterização de seu personagem faz o mesmo entrar na lista dos melhores vilões da história do cinema. O Oscar de melhor ator coadjuvante foi merecidissimo ao contrário dos outros 3 que o longa foi premiado. Falando em atuações, é sempre muito bom ter Tommy Lee Jones no elenco. Aqui, apesar de achar que o mesmo foi mal aproveitado, sua presença dá um charme a mais. Josh Brolin dá para o gasto, em uma atuação que não exige muito. O filme também contém alguns, digo alguns, diálogos interessantes e reflexivos. E quando existe o nome de Roger Deakins envolvido numa produção é certeza que temos uma fotografia magnífica e aqui, colabora para aumentar o tom sombrio e de suspense em algumas cenas. A mais memorável delas é a que Moss está em um hotel, percebe que Chigurh está lá, apaga a luz e fica com a arma apontada para a porta, observando os vultos do corredor pela soleira. Esses pontos salvam a produção do pior.
Quando o filme acaba (e por sinal o final é muito fraco), ficamos com a sensação de que "Onde Os Fracos Não tem Vez" poderia ter sido bem melhor. O rascunho é excelente, apesar da historinha clichê, mas contém furos gritantes de desenvolvimento. Existem detalhes no cinema que podem ser ignorados com facilidade e infelizmente isso não acontece aqui.
Talvez, o mais decepcionante foi ver este ganhar de "Sangue Negro" na disputa pelo Oscar de melhor filme. Definitivamente, a principal premiação de cinema do mundo não serve mais como referência de qualidade.
Concordo plenamente com o seu último parágrafo.
Obrigado Caio. Realmente preciso rever o filme e prestar muita atenção na parte do hotel. De primeira vista, fiquei muito encafifado com essa passagem.
Com o Patrick eu até posso argumentar, mas contigo, Leonardo, sem chances. Só conseguiu falar que meu texto é um lixo, sem debater com argumentações. Vc é um molequinho mimado implorando por atenção.
Quanto aos Spoilers, meu texto em nenhum momento revela alguma coisa sobre a história. Desafio-o em me mostrar aonde é que tem algum spoiler...
Patrick, até entendo tudo que você disse, só que o problema é que o filme não me convenceu. Posso até ter me precipitado em relação à parte do hotel, mas o filme deixa várias lacunas em aberto (as tais forçadas que mencionei).