Os dois primeiros Jogos Vorazes foram interessantes por apresentarem batalhas, literalmente, pela sobrevivência, explorando os melhores e os piores instintos humanos e apresentando uma crítica política muito pertinente e o terceiro (A Esperança: Parte 1) serviu pra criar um clima tenso e misterioso para a conclusão da saga que, mesmo sem explorar o carro-chefe da série - os jogos em si-, foi bem satisfatório, o que gerou altas expectativas no público para A Esperança: O Final. Infelizmente o filme não fecha a série como deveria, esbarrando em falhas infantis e transformando a expectativa em uma grande decepção.
Digo falhas infantis por conta da película errar feio nos seus dois principais propósitos: o teor político e a maneira humana em retratar o relacionamento entre os personagens. O teor político é explanado aqui da maneira mais rasa possível. Os principais envolvidos nessa questão, o Presidente Snow (Donald Sutherland) e a Alma Coin (Julianne Moore), são inacreditavelmente mal explorados pelo roteiro, o que é uma pena ainda mais levando em conta o potencial dos atores. Nem a junção dos Distritos contra a Capital consegue convencer. O relacionamento entre os personagens é o mais frio possível e isso não é considerando apenas o triângulo amoroso entre Everdeen (Lawrence), Peeta (Josh Hutcherson) e Gale (Liam Hemsworth). Não há sequer um personagem que consiga despertar empatia no público e, decorrente disso, nenhuma morte chega a causar comoção - e se causar é por conta dos filmes anteriores. E se tratando, especificamente, do trio principal, se muita gente torceu por Everdeen e Petta nos dois primeiros longas e até mesmo por Everdeen e Gale no terceiro, o que foi meu caso, aqui a falta de química é tanta que o máximo que conseguimos sentir é indiferença. E olha que passo longe de ser fã de romances piegas, como o da Saga Crepúsculo, mas era necessário uma definição mais carinhosa por parte dos produtores.
Outro problema é que o roteiro simplório fica demasiadamente arrastado em seus 137 minutos de duração, ainda mais pelo fato da ação ser praticamente inexistente. Sobra conversa fiada, sem peso algum para a trama. Um aspecto muito interessante e que deveria ser melhor explorado na obra são as armadilhas criadas na Capital para evitar que a equipe chegue à mansão do Presidente. São essas armadilhas que são responsáveis pelos melhores e mais tensos momentos da trama que, se dada maior importância poderia ser uma alusão muito mais clara dos próprios jogos vorazes. Aliás, a sequência subterrânea merece destaque por ser o ponto mais alto da trama.
Os outros poucos pontos positivos do filme se encontram na parte técnica (fotografia, efeitos, sonoplastia e figurino), tendo o charme visual dos anteriores intacto. No mais, o diretor Francis Lawrence, que está no comando desde o segundo filme, faz aqui o seu trabalho mais fraco, ainda mais pelo fraco roteiro que em nada ajuda. E se você gosta de reviravoltas a má notícia é que encerramento da série opta por caminhos comuns e reforça ainda mais a desnecessidade da divisão do capítulo final em duas partes - a não ser pro lado financeiro dos produtores.
Boa crítica. Concordo com (quase) tudo, menos com a nota. 😉
Obrigado, Luiz! 😁