A produção é muito boa e cuidadosa. O roteiro tenta o pique do primeiro filme, mas não dá pra comparar. Até porque tínhamos o fator supresa da agilidade dos diálogos que era sensacional obrigando ao espectador atenção 100%.
O sertão estilizado talvez funcionasse em outro filme e nem uma suposta continuação , que na verdade mais parece uma homenagem em um quadro do Zorra Total. Humor muito do ruim, personagens excessivamente caricatos e uma trama muito sem sal. Produto descartável.
Perde muito visualmente e na ambientação.
Mas é uma continuação interessante, ao mesmo tempo que refaz a história original.
A disputa dos candidatos é muito rápida, cabia mais daquilo ali na história.
*Impressionante como Matheus Nachtergaele refaz o personagem 100% igual - o contrário absoluto de Selton, que modifica o tom completamente.
Os protagonistas estão extremamente caricatos (mais do que deveriam), os demais personagens não têm absolutamente nada a ver com o cenário de sertão e o maravilhoso enredo do primeiro filme. Não tenho caracteres suficientes para descrever a ambientação, conseguiram destruir completamente a originalidade e , por quê não dizer? exclusividade do primeiro filme.
O Auto da Compadecida II mistura continuação, releitura e nostalgia. Assisti em Boa Vista-RR e vi o público mais velho rir, chorar e relembrar a história, enquanto os jovens saíram curiosos para conhecer o original. Apesar de Ariano Suassuna não ter escrito além do que já conhecemos, o filme se destacou pela estética inspirada no cordel, entregando uma experiência envolvente e respeitosa ao clássico. Uma homenagem que valeu a pena, trazendo nova vida ao maior ícone da nossa cultura.
A cena inicial da câmera perseguindo o passarinho e penetrando minuciosamente na condução dos retirantes já mostra um salto na técnica, para o bem e para o mal: com mais recursos, o filme até consegue provocar a imersão, mas perde na naturalidade espacial daquele sertão. Alguns personagens retornam, outros não, alguns novos funcionam muito bem, outros não. E com isso o roteiro navega entre a mais pura homenagem e consciente de que a continuação não irá superar o original.