Lupas (13)

A fantasia como retrato, confronto e fuga da realidade. Os momentos e pessoas que ajudaram a construir sua identidade. O nascimento do artista. Paolo Sorrentino homenageando a cidade de Nápoles, o mito Maradona, o Cinema, Federico Fellini. Um filme que tem compromisso com a imagem e seus significados.

Paolo Sorrentino passou anos reunindo memórias sobre sua família, amigos e pais antes de escrever o roteiro em seu processo típico: muito rápido, não levando mais de duas semanas, usando as anotações sobre fatos, ideias e personagens e possíveis diálogos que levaram anos para serem concluídos.

Dividido em duas partes, a primeira como comédia e a segunda como drama, A Mão de Deus tem suas qualidades mas esperava mais. O maior problema do filme é que a primeira parte é muito melhor do que a segunda. Além do roteiro não fazer bem essa transição, é bem cansativo. As suas maiores qualidades são na parte técnica, principalmente fotografia e direção de arte. Filme mediano.

Bem bonitinho, com situações caseiras e cotidianas, familiaridade Latina, muito agradável e engraçadinho… Um início tão fofo e cativante, que nos faz pensar na nossa própria família, até que a tragédia se abate sobre eles, em pensar que foi a vida de Paolo Sorrentino reescrita pelo próprio, que momento tristinho, um filme família, trágico, fofo, delicado e sensível, cativante… "Fiz o que pude, acho que não fui tão mal" Maradona, o melhor jogador de todos os tempos...

2022 Janeiro - 005

Tem personagens mega carismáticos e uma construção encantadora. Só faltou ligar os vários nós, em certo momentos personagens são esquecidos. Ficou a sensação de ser um filme todo picotado, embora isso não seja de todo ruim: como a vida, é cheia de fragmentos. No entanto, para o cinema, prejudica a conexão.

Sabendo que é autobiográfico, inicialmente podemos definir como um filme que fala pra si e sobre si, e que fica distante, são encontros familiares, longas conversas sobre um Maradona que mal aparece, e mesmo com a linda direção de sorrentino nos sentimos distantes daqueles personagens, porém, na virada para o segundo ato, eventos traumáticos, uma busca por identidade e descobertas da juventude tornam a obra universal, e com um par de cenas inesquecíveis, o filme me conquistou, grande trabalho.

Sorrentino cria uma ambientação e atmosfera encantadora que nos transporta imediatamente para a Nápoles dos anos 80, onde através da visão dos encantos e descobertas da juventude podemos acompanhar a intensa relação de belezas e tristezas do período com a inspiração de uma figura única, genial, controversa e transgressora que só poderia ter sido o que foi porque esteve ali naquele tempo e lugar.

A primeira metade é mais bem constituída, focando no núcleo familiar e em seus costumes ora ternos, ora cômicos. Depois, uma parte do interesse da plateia de esvai em sequências inusitadas, no que parece ser um fluxo de memória e sentimento muito pessoal de Sorrentino.

Sorrentino permanece filmando a beleza como poucos, suas tomadas permanecem rápidas e seu roteiro ainda é capaz de criar personagens carismáticos e excêntricos. Mas algo realmente não funciona na passagem da primeira para a segunda parte do filme. Quando este subitamente se transforma em um drama, todos os fios emaranhados na primeira parte são esquecidos. Pior ainda, fico imaginando se todas as cenas fantásticas da primeira parte não eram apenas uma distração.

Que filme chato e sem propósito. Parece aqueles filmes do Allen em que normalmente se diz "melhor um filme mediano do Allen do que a maioria das coisas que se produz". E ainda com Allen dá pra rir em algumas cenas. Não dá a menor vontade de ver de novo.

Um sorrentino com sua câmera mais controlada, com menos travellings alucinados contando uma espécie de auto-biografia real ou talvez imaginada onde o que funciona, pelo menos pra mim, é a relação do diretor com o cinema e com o futebol que são paixões as quais eu também possuo. A comédia de família desconjuntada vai super bem mas na segunda metade Sorrentino arrisca num melodrama que conseguiu me enfadar. Saio dividido.

Belo e lírico. Mais uma obra prima de Paolo Sorrentino.