Lupas (9)

Peggy Cummins é a pura expressão do olhar obsessivo, do desejo fatal, seus movimentos são explosivos e excitantes. Uma femme fatale das mais corrosivas que o Noir já concebeu. John Dall era presa fácil diante deste vulcão. Joseph H. Lewis explorou esse jogo sexual entre os protagonistas com muita aptidão. A falta de recursos e a censura ajudaram a explorar a criatividade. Assistam!

Ótimas cenas o tempo todo mas é B pra cacete. Erroneamente endeusado, a história salta o tempo todo, a vida de crimes surge muito rápido, há buracos em sequências que pedem tempo. O casal de bandidos é muito bom, John Dall e Peggy Cummins são fascinantes, estilosos - ela é malícia sempre ("- Que pistola linda!" - Você não vai pegar na minha pistola!").

Quase vinte anos antes do 'Bonnie e Clyde' pop e colorido de Arthur Penn, 'Gun Crazy' não tem medo de ser absolutamente tudo aquilo que podia e, de fato, conseguiu ser. Filmaço, dono de qualidades faraônicas do primeiro ao último segundo - literalmente.

Lady Macbeth versão noir + direção inspirada de Joseph H. Lewis = uma obra memorável.

Essas histórias de casais bandidos deram ótimos filmes ao longo da história do cinema. Aqui, num bom exemplar da estética noir, temos uma femme fatale obcecada pelo crime e um homem obcecado por ela. O resultado é o que se espera, a fuga e a tragédia.

O plano final é pra se assistir de joelhos e o plano-sequência do carro é lindo mas não é só isso. Um roteiro preciso e simples, uma montagem ágil, personagens bem construídos e aquele clima noir que aqui se tranforma em um road movie da melhor qualidade

J.H.Lewis gênio do filme de gênero de baixo orçamento, é muito estilo! Influenciou aqui Bonnie&Clyde entre outros casais bandidos no cinema. O plano sequência do carro no assalto ao banco, a neblina no final, coisa de gênio. E que fotografia P&B!

Por vezes, exagera na concisão, mas não lhe faltam méritos para envolver do começo ao fim. É a jornada mortal de dois parceiros em que o lado amoral prevalece.

22/09/14