Enquanto as HQs com simbolismo politizado transferem-se para o cinema despojadas de crítica e cinismo, a animação vem se tornando um terreno fértil para filmes falarem abertamente de política e ao mesmo tempo seduzirem públicos que não estão interessados
Retrato visceral das memórias alucinógenas de Ari Folman, com estilo e linguagem deslumbrante. A perversidade e insensatez do homem, da guerra transpassadas com veemência, nessa pequena obra-prima.
Tem metade da força e competência que "Persépolis" ostenta. Essa comparação se torna tão aleatória quanto o forte e desconfortável lado pessoal do filme, de belas e chocantes imagens ainda atuais em 2012.
A animação estilosa cria uma espécie de fusão entre ficção e realidade, misturando pontos de vista realistas com alucinações insanas. Ao término, a transição que é feita realça muito, infelizmente, o tremendo choque que a guerra causa.
Um iceberg metafórico que se traduz em uma deambulação constante e inevitável de um esteta da imagem por sua identidade, usando a memória como diapasão do autoconhecimento.
Deslumbrante se pensado como um projeto de unidades formando um todo: o desenho animado preenchendo as memórias de Folman (não dando o tom de verdade que prega a cartilha dos documentários) e a cena final em imagens captadas mostrando a unica realidade