Que Coutinho era um excelente ouvinte, não é novidade para quem o conhece. Os depoimentos trazem à tona as diferentes crenças que guiam os entrevistados e mostram o quanto o brasileiro médio é sincrético. Mesmo que o recorte tenha sido reduzido demais, é curioso ouvir o que cada um ali tem a dizer.
Completamente apaixonada e intrigada com esse documentário, a missa do Papa, os depoimentos de pessoas carentes, velhinhas, as falas espontâneas, as crenças e descrenças, as trocas de religião, mas a fé sempre presente, a maioria tolerante a outras religiões, uma minoria intolerante e até mesmo preconceituosos, mas nos relatos que de fato, muito apaixonante, pegaram aquelas personalidades naturais, e cheia de luz para os depoimentos, delicioso e emocionante de assistir…
Nos documentários anteriores a esse, Coutinho já estabelecia as entrevistas como centro de suas obras. Aqui ele radicaliza. Só existem as entrevistas. O resultado, todavia, nunca é maçante. Pelo contrário, trata-se de um filme envolvente e enérgico.
"Foi a pombajira que matou minha irmã, ela apareceu pra mim e disse que ia levá ela" "Porque?" "Porque minha irmã tava tomando a cachaça dela" "E qual a religião da sinhora?" "Católica apostólica romana, sinhô".