Uma obra pessimista, sombria, densa, cruel. Tragédia da vida e o temor da não existência. Fassbinder não economiza na sua visão das enfermidades da condição humana, o vazio da sociedade e o ardor da solidão. Por vezes o desespero parece ser o único caminho possível.
Muito embora eu me encante pela mise-én-scène proposta por Fassbinder, sua amargura e depressão são ao mesmo tempo encantadoras e me afugentam do núcleo da trama. Talvez os dilemas de Fassbinders (tão pessoais e honestos) simplesmente não se conectem com os meus dilemas ou suas agruras sejam distintas das minhas por óbvias diferenças de estilo de vida, tempo, espaço e desejo. Tudo isso não diminui o poder de seu filme.
Fassbinder dificilmente posiciona sua protagonista no centro do quadro, preferindo cantos, frestas ou espelhos esquisitos. É uma busca por identidade e por enquadramento no mundo. E Casablanca, desde H. Bogart e Ingrid Bergman, é um refúgio amoroso.
Uma Odisseia pessoal das mais sombrias, meio que um irmão de Filme Demência do Carlão. Bate de frente com Buñuel na disputa entre obras malditas, mas geniais e tem um teor psicológico e emocional dos mais apurados. Disparado o melhor filme do alemão!