Um país refém de seu passado. Uma sociedade corroída, afundada no absurdo político, no vazio das ideias, no discurso capitalista alienado da direita, no discurso revolucionário alienado da esquerda. A ação não possui sentido, o embate está perdido antes de começar. O estado de mal-estar reina absoluto. Por isso Fassbinder fez de seu filme um grande deboche, uma sátira de todo esse absurdo de alienação. Um filme em que as desgraças do mundo insiste em manter atual.
Em vários momentos complexo e pesado como esperamos de Fassbinder. Critica, de forma contundente, não apenas a terceira geração de terroristas da RAF, mas a toda sociedade alemã, que se perdeu no pós-guerra e vive travada em suas próprias hipocrisias. Ao atirar para todos os lados Fassibinder as vezes declina (em algo que é uma tarefa muito difícil) em conciliar todo esse vazio e se torna enfadonho, mas a maioria do filme ainda é cheia de diálogos e momentos maravilhosos.
O 1o terço é de uma OP, introduzindo os personagens c/ diversas reflexões geniais acerca do lutar pelo mundo ideal, da farsa da dramaturgia e da verdade q exprime, c/citações a grandes pensadores, etc, como só o dramaturgo genial q foi poderia fazer. Conforme a narrativa avança vai aumentando tb seu grau experimentalismo e anarquia, e fica um pouco difícil acompanhar, até a catarse final já totalmente anárquica. Ao msm tempo q acerta em cheio no Grupo Baader-Meinhof é tb atemporal e universal.
Atira pra tudo que é lado (com o perdão do trocadilho), mas não consegue extrair nada de interessante. É pesado e hermético, e pelo fato do roteiro não conseguir carregar tanta burocracia, o filme não passa de um enfadonho exercício para reflexões vazias
O espetáculo de Fassbinder sobre uma geração sem rumo, de ideologias vazias, de ideais perdidos, onde executivos necessitam do terrorismo pra ganhar dinheiro. Eles cresceram com a guerra, agora querem vivenciá-la. Só frases antológicas.
As décadas de 60 e 70 foram marcadas pelo surgimento de uma nova espécie de terroristas, aqueles que agem sem razão aparente, aqueles que agem apenas pelo prazer da ação, com extrema violência e precisão mortífera.