Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, O
O filme, em essência, ganhou fama por ser o último trabalho de Ledger, além de ter sido completado por atores como Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Mesmo com um elenco tão bem gabaritado, The Imaginarium of Doctor Parnassus não encanta por completo àquelas pessoas que o assistem.
Há de se fazer uma comparação entre a forma de dirigir filmes de dois diretores que sempre, a sua maneira, guiaram seus filmes pelo caminho do sonho, utilizando-se de atuações caricatas e de eficientes departamentos de Arte para criar mundos maravilhosos que equivalecem a suas propostas. Tim Burton e Terry Gilliam. Burton, após sua obra-prima Edward Mãos de Tesoura passou a construir melhor seus personagens – as falhas em seu Batman chegam a ser, decididamente, os piores momentos de sua filmografia – em acordo com o mundo fantástico e gótico que cria. Foi assim com A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça e Sweeney Todd. Gilliam, por seu turno, sempre foi meio barbeiro com relação aos seus roteiros. Nesse sentido, seu novo filme parece muito mal acabado, uma obra feita em retalhos, onde a imaginação grandiloquente do autor parece ser o único norte do filme, o que, certamente, só fez desperdiçar o bom plantel de atores que o filme dispunha.
O filme conta a história de uma trupe de artistas que buscam público em Londres. Seu espetáculo tem como grande atração o Dr. Parnassus (Christopher Plummer), um homen que desafia o diabo e que ganhara a imortalidade. Tony (Heath Ledger, que depois é substituido por Depp, Law e Farrel, sucessivamente), é um jovem sem memória, que é encontrado pela trupe e que mudará completamente a história da mesma. Se a premissa já é de toda confusa, a execução será mais ainda, embora o resultado final não seja num todo negativo.
Subtramas mal abordadas; Ledger, principalmente, muito desconfortado com seu papel, entrega uma interpretação sem brilho; Depp, aparece pouco, faz uma interpretação rasa e sem comprometimentos maiores com relação a expressividade marcante de suas interpretações (ou seja, o personagem não dá os chiliques típicos de outros do ator). Law, vai bem, mas também aparece pouco; Farrel, já no final, incrívelmente, é aquele que se sai melhor. Ainda no elenco, salta aos olhos a segurança de Plummer, como Parnassus; eficiente na pele do principal personagem, tão loucamente criado como qualquer piração gillianiana. Tom Waits, na pele de Sr. Nick, rouba a cena nas vezes que aparece, de fato uma grata surpresa.
Como é corrente nos filmes de Gilliam, há uma bela Direção de Arte e um Figurino caprichado, tanto que as duas categorias receberam indicações ao Oscar. Muito deve-se criticar os Efeitos Especiais, confusos e mirabolantes, embora a bela Fotografia compense, sobretudo nas cenas da mente do Dr. Parnassus.
Embora não chegue a ser uma obra fraca, The Imaginarium of Doctor Parnassus ainda consegue ter uma certa magia. Diante da inconsistência recente dos trabalhos do outrora genial Gilliam, o filme se apresenta como uma tentativa bagunçada de criar um mundo fantástico.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário