Imagine um filme de comédia que tenta misturar um super-herói com um besteirol americano. Imagine os efeitos especiais mais bizarros que possam ser aplicados em um filme do século XXI com um orçamento de 35 milhões de dólares. Imagine um elenco razoável, mas que não demonstra o mínimo carisma e comicidade para estar em um filme de comédia, e não tem seu talento, mesmo que não seja grande, explorado pelo diretor Craig Mazin. Imagine um bom ator de comédia que está em decadência, a ponto de aceitar qualquer roteiro. Some tudo isso que você terá o resultado deste ridículo “Super-Herói: O Filme” (Superhero Movie, 2008) , que não conseguiu arrancar de mim uma gargalhada sequer. E é quase torturante gastar mais uns 40 minutos da minha vida lembrando esse desastre a que chamam de filme.
Rick Riker (Drake Bell) é um adolescente com os problemas que Hollywood adora explorar: é excluído na escola, tem uma grande dificuldade para fazer amigos e conquistar seu amor, a bela Jill Johnson (Sara Paxton). Rick vai em uma excursão da escola a uma exposição de animais geneticamente modificados, onde é picado por uma libélula. A partir disso, seu corpo começa a ganhar características não-humanas. Rick, percebendo isso, decide criar uma fantasia e incorporar um super-herói: o Homem-Libélula. Apesar disso, ele insiste em não se tornar um herói, dilema chato e irritante que persiste até o final do filme. Paralela a isso, passa-se outra história, a de Lou Landers (Christopher McDonald), que, após se livrar da morte utilizando uma máquina desenvolvida por sua empresa, passa a ter o poder de “roubar” a vida dos outros. Com isso, ele se transforma no vilão da história, o Ampulheta.
Filmes de comédia normalmente não têm um orçamento muito grande, pois não necessitam de recursos tecnológicos para produzir, por exemplo, efeitos especiais. Mas em “Super-Herói: O Filme” os efeitos especiais são usados, o orçamento é bom, e o que acontece? Os espectadores são obrigados a assistir a efeitos grotescos, parecendo terem sido importados das novelas brasileiras (Ex.: Mutantes, da Record). Sim, são ruins mesmo, como o fogo que aparece no corpo do Tocha Humana, mais falso do que nota de R$3.
O elenco do filme, não vou mentir, não é ruim. Com nomes como Leslie Nielsen e Christopher McDonald, “Super-Herói: O Filme” tinha tudo para dar menos errado. Mas o diretor Craig Mazin não fazia idéia do que estava fazendo, não conseguindo extrair o mínimo do que tinha nas mãos, dando resultado a atuações completamente deploráveis. O protagonista Drake Bell não tem o mínimo carisma para interpretar o Homem-Libélula, não conseguindo passar a alma de um herói. A protagonista feminina, Sara Paxton, tem uma atuação irritante como a loira sem conteúdo Jill, que só se importa em mostrar seu corpo. O vilão Ampulheta, interpretado por Christopher McDonald não é verossímil, e Leslie Nielsen parece estar aceitando qualquer tipo de papel, por não aparecer quase em um filme patético como este. Ele não pôde mostrar quase seu talento, pois seu personagem tem aparições limitadíssimas.
O longa não apresenta seqüências cômicas. Aliás, quase não apresenta cenas cômicas, pois confesso que foi muito difícil conseguirem arrancar uma risada de mim. Mas, normalmente, quando o trunfo de um filme de comédia não são as seqüências cômicas, a história dá um show. Mas “Super-Herói: O Filme” não tem história nem pra peça de teatro escolar. Os diálogos são completamente banais e vazios, irritando muito a quem tenta ver uma lógica para o filme ter sido feito, já que é quase uma imitação da série “Todo Mundo em Pânico”. O pior: o filme foi feito pelos mesmos produtores da série citada, o que agrava ainda mais, pelo fato de a série ter sido engraçada e este filme, não.
“Super-Herói: O Filme” é apenas mais um filme de besteirol, do qual nada de bom pode ser tirado. Sinceramente, não sei o que passa na cabeça de pessoas que se sujeitam a gastar US$35 milhões pra mandar para as telas um desastre como esse. Um filme que chega ao ponto de ridicularizar um homem sobre cadeira de rodas não merece tomar 71 minutos da vida de ninguém. É ridículo, completamente ridículo! Por favor, não perca seu tempo com personagens idiotas, com um roteiro babaca e com uma direção incompetente. É um candidato fortíssimo a pior filme do ano.
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