O mundo dos filmes de animação vem sendo disputado acirradamente pelas grandes potências Pixar e DreamWorks. Tudo começou com o lançamento do histórico “Toy Story” em 1995, o primeiro filme feito totalmente em computação gráfica. Após isso, viu-se um domínio completo da Pixar em filmes do gênero. No entanto, a concorrência foi criada e a DreamWorks lança a cada dia filmes melhores que a pioneira, tendo a dominação do gênero pendida para seu lado. Uma prova disso é este ótimo “Os Sem Floresta” (Over the Hedge, 2006).
RJ é um guaxinim que após tentar roubar a comida de um urso, ter a tentativa frustrada e ser intimado a repor todo o estoque perdido no barranco, encontra um grupo de animais em final de hibernação, no começo da primavera. Animais que, ao saírem do período de descanso, se deparam com uma grande surpresa. O espaço em que vivem ganhou uma limitação, um grande arbusto (ao qual eles batizam carinhosamente de Steve) que, aparentemente, não tem fim. Intrigados com o novo “membro” da floresta, eles decidem mandar uma cobaia para atravessá-lo, descobrindo que ele representa uma divisa entre a porção de floresta em que eles vivem, que é cada dia menor, e um novo condomínio de luxo. Tentados por RJ, que diz que o mundo dos humanos é repleto de comida que pode ser adquirida facilmente, o grupo realiza inúmeros e hilários “ataques” ao condomínio, o que não é concordado pela tartaruga Verne.
“Os Sem Floresta” é mais uma prova de que filmes de animação não são feitos só para crianças, sendo capazes de entreter, agradar e até emocionar os mais crescidinhos. Mas os grandes beneficiados com esta bela história são as crianças. O normal de fábulas de animação é apresentar uma mensagem positiva, construtiva para a criança, o que é feito neste longa, e não é isso o que mais chama a atenção. A maneira como a história é conduzida, explorando de maneira cuidadosa assuntos delicados como confiabilidade em estranhos, fidelidade aos amigos e noção do que se pode ou não fazer é corretíssima. O aprendizado dos pequenos dá-se de modo divertido e eficaz. Nenhuma criança termina de ver o filme achando que roubar é certo, que amigos não devem ser preservados e que estranhos são totalmente confiáveis. Da mesma forma que não acho o filme uma sessão de tortura e de falso moralismo. Mérito para o quarteto de roteiristas (Len Blum, Lorne Cameron, David Hoselton e Karey Kirkpatrick), que acerta a mão em cheio.
Os personagens de “Os Sem Floresta” são divertidos e carismáticos. O grande destaque fica para o esquilo Hammy, que consegue ser mais engraçado que o sensacional esquilo de “Deu a Louca na Chapeuzinho”. O pequeno roedor é o maior responsável pelas gargalhadas do espectador, e suas aparições poderiam ter sido mais freqüentes e mais exploradas. O esperto RJ é muito bem construído, tornando-se um personagem que se aproxima bastante da realidade que se vê hoje em dia. Na versão em português, Preta Gil dá voz à simpática gambá Stela, que também não tem uma participação muito destacada, o que não é muito sentido, visto que é bastante secundária ao enredo.
“Os Sem Floresta” não é o melhor filme de animação que eu já vi, longe disso. Mas há de se destacar que é uma animação que cumpre com bastante correção e algum brilho o seu papel: divertir e ensinar. Mais um ponto para a DreamWorks na disputa contra a Pixar!
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