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Críticas

Cineplayers

O clássico agora em três desnecessárias dimensões.

9,0

Quis o destino que, no ápice da moda inútil do 3D no cinema, uma das maiores tragédias marítimas da história fizesse cem anos. Oportunidade perfeita para que James Cameron recauchutasse seu Titanic (idem, 1997), que por muito tempo foi a maior bilheteria do cinema (até ser superado por Avatar [idem, 2009], do próprio Cameron), e o relançasse em 3D no final de semana que marca o aniversário da tragédia, apresentando o clássico romance vencedor de 11 Oscars a uma nova geração e prometendo uma experiência completamente nova a quem já está familiarizado com a obra.

Indo direto ao ponto, pelo menos na sua versão em película, o 3D não impressiona tanto. Lógico que há planos perfeitos para o uso do recurso, principalmente quando o navio está afundando e sobe em direção à tela, mas, no geral, o resultado final ficou aquém do que se poderia esperar: escuro demais, sem brilho, com cores fracas e desbotadas, chegando a afetar a fotografia original – as cenas de dia, por exemplo, parecem nubladas e lavadas, ao contrário daquele sol invejável invadindo o deque do navio que estamos acostumados a ver na TV. Pode ser que a versão em IMAX corrija boa parte desses problemas, mas quantos terão a real oportunidade de ver algo nessa qualidade? Não que as pessoas estejam se importando muito com isso, afinal, alguns apenas querem reviver a nostalgia, outros querem ter a oportunidade de ver o filme pela primeira vez em tela grande. Para eles, isso que importa. Para Cameron, as cifras a mais.
 
Sei que pode parecer absurda a informação, mas há muita gente que não sabe que Titanic é baseado em uma história real. Para os desavisados: sim, é (e sim, é sério isso também). Refiro-me ao famoso naufrágio, e não ao caso entre Jack (Leonardo DiCaprio), um jovem de terceira classe, e Rose (Kate Winslet), uma jovem falida da classe alta do navio que está noiva de um milionário, ainda que não o ame, afim de salvar o status de sua família, que serve como narrativa ficcional para o desastre real, que se desenvolve como pano de fundo histórico. Em 1912, Titanic zarpou depois de um ambicioso projeto de construir o maior navio do planeta. Considerado inafundável, ele colidiu contra um iceberg durante sua viagem inaugural entre a Inglaterra e os Estados Unidos, afundando e, sem resgate a tempo, matando mais da metade de sua tripulação.

Os anos se passaram e Titanic, o filme, é posto à prova a um público mais crítico e menos receptivo a obras que assumem o romance sem medo de dizer ‘te amo’. Lógico que ainda há algumas passagens que beiram o constrangimento (“I’m the king of the world!”), mas no geral Titanic não envelheceu um único frame desde que deixou os cinemas, ainda nos anos 90. Teoricamente um filme simples, a força de Titanic está justamente na sua imensa gama de abordagens. Temos o romance clichê (mas contagiante) entre Jack e Rose, o discurso contra o capitalismo (na hora H, todos são iguais), a abordagem histórica (o navio está recriado de forma absolutamente impecável), e os efeitos especiais seguem impressionantes mesmo com o desenvolvimento técnico na área. As cenas famosas, que costumam marcar gerações e servem de cartões postais para as obras posteriormente, seguem funcionando, sendo uma das mais clássicas delas o primeiro beijo entre Jack e Rose, na ponta do navio, tudo embalado por versões da chorosa música interpretada por Celine Dion.

Soluços foram ouvidos ao final do filme, não deixando dúvidas de que este relançamento ainda funciona e fará um considerável sucesso (não a ponto de ultrapassar Avatar), principalmente se considerarmos que há muita curiosidade em torno do filme, mas seria muito mais honesto com seu público relançá-lo intocável, da mesma maneira que chegou aos cinemas em 97 e encantou as pessoas da época. Mesmo que já tenhamos decorado o filme de cabo a rabo, Titanic é Titanic, e só o espetáculo já faz a ida ao cinema valer a pena, em 3D ou não.

Comentários (30)

Raphael da Silveira Leite Miguel | segunda-feira, 16 de Abril de 2012 - 22:47

E o 3D pra mim foi apenas perfumaria, só de assistir o filme novamente valeu cada centavo gasto.

Kennedy | quarta-feira, 18 de Abril de 2012 - 06:25

E o 3D pra mim foi apenas perfumaria, só de assistir o filme novamente valeu cada centavo gasto. (2)

Douglas Braga | domingo, 22 de Abril de 2012 - 06:37

E o 3D pra mim foi apenas perfumaria, só de assistir o filme novamente valeu cada centavo gasto. [3]

César Barzine | sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2017 - 17:51

obra-prima, me emociono cada vez que assisto

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