Harry Potter é daqueles casos raros de série cinematográfica empurrada para o público pela força bruta que deu certo. Pelo menos, financeiramente falando. Por força bruta, entende-se por excesso de capítulos, de publicidade, de fofocas, de diretores, bombardeando o público anualmente, e por meses a fio quando se aproxima a época de férias. É a franquia de maior bilheteria de todos os tempos por causa disso tudo, há muitos capítulos, embora nenhum deles vá repetir o sucesso de seu primeiro. A última parte ("versão" 7.2) chegará a números maiores por causa do 3D e da inflação. Serão quebrados recordes e creio que os fãs ficarão satisfeitos com o que lhes foi apresentado.
Nessa altura, é quase inútil tecer críticas contra este capítulo ou a série de forma geral. Sabe-se das limitações dos textos, do mundo de Potter, dos personagens e não é agora, bem no fechar dos acontecimentos, que isso iria mudar. Há quem diga que é um filme (ou uma série) feito somente para saboreio dos fãs - mas esses fãs não percebem que essa afirmação só faz diminuir todo o trabalho de 10 anos - fosse eu fã, gostaria de ver um filme universal, feito para agradar o maior número de públicos possível. Potter 7.2 é divertido, entretém, mas é muito pouco e muito tarde. O escopo de tudo ficou encolhido, fragilizado neste último capítulo e, apesar de servir como uma tentativa de justificar a prolixidade da autora, que criou seis histórias irregulares antes dele, o que foi apresentado não é nada muito melhor do que o mesmo que já fora visto, e todas as revelações mostram-se previsíveis ou desnecessárias agora, tão tarde dentro do jogo.
Há um direcionamento para a ação que não havia até aqui. Uma quase obrigatória grande batalha. Nesse sentido, este capítulo é diferente dos outros. O vilão, que até agora apenas vinha sendo uma promessa distante, mostrou-se apenas um eterno figurante, fraco. Por que alguém o seguiria, afinal? Rowling e os roteiristas que foram seus fantoches durante essa última década falham em criar algo realmente épico, fazendo da saga do órfão uma aventura infanto-juvenil frágil e pequena. Não há problema em ser pequeno, é claro, grandes histórias são contadas a partir de pequenas situações e pessoas, mas o que houve aqui? Potter 7 (ambos) comprovam que todos os capítulos anteriores são dispensáveis, a não ser pelo ponto de vista de entretenimento - o que quer dizer que seria possível conhecer o mundo de Hogwarts a partir deste único filme.
E, considerando-o como tal, como um episódio isolado de uma aventura cinematográfica, Potter ao menos entrega o que promete. David Yates, mantendo o estilo mais realista adotado já (ou desde) por Alfonso Cuarón em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004), cria um tom de urgência nas ações dos personagens e cerca-os de efeitos especiais modernos e muito bem realizados (que, apesar de alguns momentos feios e cenas puxadas apenas para serem bonitinhas em 3D, devem ser os melhores da série, o que é esperado, pelo avanço tecnológico). Apesar da fraqueza do vilão e de insistir em incluir romance onde ele não combina, com o propósito único de esfregar os pés dos seus fãs (que tendem a ser mais jovens e se agradam com essas banalidades novelísticas), o filme é bem movimentado, inventivo (há sinais leves de boa imaginação por parte de Rowling) e até excitante em alguns momentos (particularmente o início é mais interessante que seu ato final) e, dessa vez, não muito longo, o que ajuda.
Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte II (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II, 2011) funciona bem como cinema de fantasia e ação, o que o caracteriza como uma obra muito acima da média dentro do gênero (Narnia, por exemplo, tem muito mais tradição e peso, e é muito mais respeitado no círculo literário, mas é tão pior produzido e maltratado pelas produtoras...). Só que é impossível fechar o olho para os 10 anos anteriores. O que faltaria para tornar-se um filme de primeira linha seriam, principalmente, personagens marcantes, pois o vilão é quase inexistente, Harry é apenas bom (não o suficiente para sustentar tamanha fama) e seus dois amigos são absolutamente genéricos e dispensáveis (substitua-os por quaisquer outros estudantes que o resultado seria semelhante). Enfim, Potter é sim produto que tem pontos positivos bem válidos, mas, indo além do "hype", sobra pouco além de elementos frágeis envoltos em produções milionárias e uma máquina de publicidade que não dá chance para pensar - todos têm que assistir. Agora! Por quê? Porque assim nos é dito!
Foi ruim, como todos os outros capítulos da série. Harry Potter é o cúmulo da mediocridade do cinema atual.
Hermione sendo uma personagem genérica, tá, parei aqui
O problema de Harry Potter é que ele era um filme voltado 100% para crianças (e nerds), que depois de certo tempo quis agradar também espectadores adultos, mas aí já era tarde. Mudança de rumo nunca é boa. Acho que, se desde o início a saga fosse voltada para um público um pouco mais crescido, mesmo sendo um filme infantil (vide O Labirinto do Fauno) teriam material suficiente para isso, mas não foi o caso.
HP nunca foi uma obra-prima do cinema, este filme foi o pior de todos, muito aquém das expectativas sim, mas tem que se dar mérito pelo fato de ter cumprido o que prometeu. Entretenimento e nada mais. Não adiantou uma campanha maciça pra saga ganhar ao menos um Oscar, pois se tudo foi feito só pra entreter, sem o devido capricho, então não podem reclamar. E é assim que ele funciona. Por isso não cabe cobrar numa crítica tão negativa quanto essa algo sensacional como a Saga do Anel de Peter Jackson. pelo que li, o autor provavelmente não gosta dos fãs do bruxo de Howgwarts, também não gosta do gênero. Pra fazer uma crítica sobre HP tem que falar dos pontos positivos que a saga passa, então dizer que Hermione Granger é uma personagem dispensável, demonstra no mínimo má vontade em falar deste tipo de filme, que não é uma obra-prima como O Senhor do Anéis e muito menos um clássico como Guerra nas estrelas, mas que cumpriu com relativo sucesso o que se foi proposto. 😐