Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Apesar de seus exageros, o filme funciona muito bem, entretendo e passando também sua mensagem política.

7,0

Acreditava que Duro de Matar 4.0 seria, também, duro de assisitir. Mas, não foi. O novo filme estrelado por Bruce Willis tem seus defeitos, mas realmente entretém o espectador com seqüencias de ação de tirar o folêgo, à exceção de algumas cenas exageradas que acabam por provocar risos. Mas, não é só de ação interessante que se faz um filme do gênero, é preciso não menosprezar o público, e esse novo Duro de Matar respeita a nossa inteligência.

Desta vez, o detetive John McClane terá de ajudar os Estados Unidos a enfrentar uma ameaça quase invisível: hackers que, por meio do computador, invadem os sistemas vitais para o funcionamento de um país – bolsa de valores, gás, trânsito, energia -, com a finalidade de instalar o caos no lugar, pondo fim a toda infra-estrutura disponível. Após brigar com sua filha, Lucy, o detetive McClane recebe a missão de buscar e levar para interrogatório, no FBI, o jovem hacker Matt Farrell. Ao chegar à casa do jovem, McClane enfrenta um pesado ataque, tendo que mostrar toda sua habilidade para cumprir a missão que lhe foi dada. Conforme o caos começa a tomar conta do país, o detetive e o jovem hacker, juntos, tentarão impedir o maior ataque contra os Estados Unidos.

A história de terrorismo contra os Estados Unidos deu margem para o roteiro fazer, constantemente, sua crítica política. Há algumas passagens em que a “cutucada” em Bush é evidente. Uma dessas “cutucadas” ocorre quando o detetive fala para Farrel que o governo deve ter diversas agências preparadas para enfrentar aquela situação, e o jovem responde falando sobre como o governo estava preparado para socorrer as vitímas das enchentes em New Orleans, onde a população foi esquecida pelo governo Bush, que os deixou diversos dias em situação precária, inclusive sem água potável.

Além disso, o próprio vilão pretende dar um choque de realidade nos norte-americanos mostrando a eles os erros do atual governo. Duro de Matar 4.0 é um filme engajado politicamente, e sabe fazer isso, também, de maneira bem-humorada. A cena em que os hackers terroristas invadem as transmissões das emissoras de tevê e começam a espalhar o medo por meio de um vídeo editado em que diversos ex-presidentes, incluindo o atual, aparecem fazendo discursos, é um exemplo disso. O resultado da edição são falas que, juntas, mostram as autoridades concluindo que não têm como evitar o pior, mas prometem se esforçar para evitar a catástrofe. A todo momento acompanhamos personagens fazendo uso de um humor irônico.

O filme tem essa grande qualidade, o humor. Saindo da política, ele brinca a todo momento em diversas situações distintas. Tendo que enfrentar um inimigo digital, McClane demonstra não estar nenhum um pouco preparado para toda a parafernália eletrônica existente, resultando em mais momentos engraçados. Enfim, as piadas são a tônica do longa. Mas, não é só de piadas que Duro de Matar 4.0 é feito. Há, também, muita ação. Algumas cenas são realmente empolgantes, como a primeira delas; outras nem tanto. Existem cenas tão exageradas que chegam a beirar o ridículo. São cenas que prejudicam um pouco todo o realismo construído pelo bom roteiro. Aliás, os efeitos especiais, devido às cenas físicas, são discretos. Estão lá apenas para conferir mais realidade.

Entre as cenas exageradas às quais me referi, estão as consideradas como o ponto alto de ação: um carro deslizando rumo ao céu para abater um helicóptero; um veículo voando pelos ares em direção ao detetive e ao jovem quando outros dois carros aparecem impedindo que eles sejam esmagados; um jato do exército abrindo fogo contra o caminhão dirigido por McClane em uma auto-estrada. Tudo muito bem feito. Mas são cenas risíveis. Elas acabam fazendo o espectador lembrar que tudo aquilo está fora da realidade. Ou seja, prejudica a crença de que tudo que foi mostrado pode, de fato, acontecer. Porém, entram as ótimas cenas de ação, como a já citada primeira cena, está a que McClane enfrenta Mai, a auxiliar principal de Thomas Gabriel (vilão do filme). A luta entre os dois é sensacional e engraçada. É o valentão tendo que espancar uma mulher.

Os desafios do detetive só aumentam. Além de enfrentar um poderoso inimigo, ele terá de lutar para resgatar sua filha, que fora seqüestrada pelo terrível Gabriel. McClane tem de defender sua pátria e zelar pela vida de sua família. O cenário perfeito para a figura do herói. Entretanto, ele é um herói comum, uma pessoa normal, e não alguém com super poderes. Essa identificação que o filme consegue construir com o personagem principal é de fundamental importância. É impossível não torcer por ele. Até mesmo porque o ator Tymothy Olyphant, intérprete do vilão Gabriel, apresenta uma atuação terrível. Diferente de Bruce Willis que é, sem dúvida, a figura ideal para o personagem. Se nem sempre o ator está bem em seus filmes, pelo menos, já vimos em O Sexto Sentido do que ele é capaz. 

Duro de Matar 4.0 exagera, mas não desagrada. Para quem gosta do gênero e não se incomoda com o impossível é um exemplar imperdível. De resto, tudo funciona. A história é interessante, as críticas social e política estão presentes e o roteiro é bem construído.

Comentários (0)

Faça login para comentar.