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Críticas

Cineplayers

Depois de fazer bonito em Embriagado de Amor, Adam Sandler desce degraus para fazer um mais do mesmo.

4,0

Já está virando tradição. E realmente... Aos poucos acabamos nos acostumando mesmo. Todo ano, cada vez mais, somos presenteados com mais e mais ondas de comédias pastelonas e, muitas vezes, sem-graça. Entretanto, é realmente chato ver quando uma boa idéia é jogada fora, desperdiçada, por um filme inconstante, sem ritmo e com personagens coadjuvantes execráveis. Infelizmente, parece ser isso o que acontece com comédias como Como Perder um Homem em 10 Dias e, agora, com Como Se Fosse A Primeira Vez – comédias com histórias com potencial para fazer rir, mas que são deveras mal aproveitadas.

O filme, mais nova obra de Peter Segal e Drew Barrymore, conta a história do simpático Henry Roth (Sandler), um veterinário que mora do Havaí e que adora a companhia de mulheres solteiras em passeio à ilha. Entretanto, ele deixa sua vida de playboy de lado quando acaba por se apaixonar por Lucy (Barrymore), que sofre de uma estranha doença. A moça esquece tudo o que acontece com ela ao final de um único dia – perda de memória recente. Seu cérebro não possui capacidade de armazenar mais fatos recentes, apenas eventos passados. E, graças a essa simples premissa, Lucy não reconhece Henry dia após dia como a mesma pessoa. Então, o rapaz tem que fazer de tudo para que ela se apaixone por ele, todos os dias!

À primeira vista, um dos primeiros erros do filme está logo em seu início. A película demora demais para engrenar. Até o momento em que Lucy e Henry se encontram pela primeira vez, somos apresentados a um número assustador de personagens coadjuvantes, um pior que o outro. O melhorzinho deles é Rob Schneider (olha o cara aí de novo), que é praticamente um ícone das comédias pastelonas norte-americanas. O cara está em praticamente todas, incrível. Garota Veneno, A Herança de Mr. Deeds e Animal são apenas alguns dos filmes da “brilhante” carreira do ator. Mas voltando ao assunto, Rob interpreta o amigo de Roth, o desquitado e detentor de cinco pestes (filhos), chamado Ula. Realmente, Ula tem seus momentos semi-engraçados, a maioria deles gerados por risadas forçadas. Entretanto, a maioria de suas seqüências cômicas são uma desgraça total, principalmente as do começo do filme. Uma lástima.

Quanto a Adam Sandler, ator de Tratamento de Choque e Billy Madison, confesso que este filme foi uma grande decepção. Se você, assim como eu, assistiu o excelente Embriagado de Amor e esperava uma próxima produção de Sandler igualmente fantástica, quebrou a cara aqui novamente. Adam infelizmente volta à mediocridade e a regularidade de sempre. Pelo menos, aqui não o vemos interpretar algum personagem com algum sintoma de deficiência mental, como o terrível Bobby Boucher de Watterboy, com seu horrível sotaque de débil-mental.

Não por menos, a decepção vinda por parte da cadeira do diretor não poderia deixar de ser iminente também. Peter Segal, diretor de Tratamento de Choque, havia feito um agradável filme com Jack Nicholson anterior a esse, por isso esperava algo no mesmo nível. Entretanto, a espera não foi correspondida. Azar também para George Wing, o roteirista da produção, que fez sua estréia no ramo cinematográfico com este fraco Como Se Fosse a Primeira Vez.

Também contamos no filme com a presença de Drew Barrymore, a chamada namoradinha da América. Assim como Rob Schneider, Drew é conhecidíssima por participar de comédias como essa. Estão em seu currículo filmes como Nunca Fui Beijada e The Wedding Singer. Entretanto, Barrymore tem uma carreira muito melhor balanceada que Schneider e Sandler. A moça ainda possui produções de diversas áreas, pelo menos isso, em sua filmografia, como Pânico, Confissões de Uma Mente Perigosa e Donnie Darko. Drew até que não se sai muito mal, mas sua personagem é enormemente limitada.

Ainda participam do filme alguns nomes de peso e sucesso como Sean Astin (o “Sam” da trilogia O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) e Dan Aykroyd (de Meu Primeiro Amor e Os Irmãos Cara-de-Pau). Dan tem um papel extremamente rápido como médico que atende Lucy. Já Sean Astin, não pouparei críticas. Ele é um dos piores personagens do filme, realmente torço muito para que os atores de uma das melhores trilogias de todos os tempos não acabem pegando produções medíocres como essa. O personagem de Sean é um dos horríveis coadjuvantes aos quais me referi no início dessa análise. O irmão de Lucy que toma anabolizantes e tem sonhos “molhados”, pelo amor de Deus...

Concluindo, gostaria apenas de ressaltar que Como Se Fosse a Primeira Vez ainda tem suas passagens boas e, algumas vezes, engraçadas. Conta também com uma regular trilha sonora com algumas surpresas interessantes, como os Beach Boys, entre outros. Entretanto, esses pequenos acertos não são o suficiente para garantir e sustentar essa fraca produção, que de bom traz muito pouco. As falhas do roteiro, a má direção e personagens fracos não deixam o filme ir pra frente, mesmo tendo a película uma ótima premissa que poderia gerar uma boa história, mas isso acabou não acontecendo. Mais uma vez, infelizmente...

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