TANGO - “CASH, TEM UMA COISA QUE EU QUERO QUE VOCÊ SAIBA, NO CASO DE NENHUM DE NÓS VOLTAR: VOCÊ FOI O MELHOR POLICIAL COM QUEM EU JÁ TRABALHEI.”
CASH - ”PUXA...TEM UMA COISA QUE EU QUERO QUE VOCÊ SAIBA TAMBÉM, CASO SÓ EU VOLTE E VOCÊ NÃO: EU VOU SAIR COM SUA IRMÃ.”
Clássico absoluto do Cinema Em Casa do SBT e do cinema de ação oitentista em geral, Tango & Cash – Os Vingadores (Tango & Cash, 1989), conta a história de Ray Tango (Sylvester Stallone), o policial mais implacável do lado leste da cidade de Los Angeles, durão, mas rigidamente comportado dentro da lei e Gabriel Cash (Kurt Russell), herói do lado oeste que faz o estilo descolado e descontraído, porém, igualmente impiedoso no combate ao crime. Os feitos dos dois astros da polícia causam um prejuízo enorme ao poderoso chefão do tráfico de drogas e armas Yves Perret (Jack Palence). Perret bola então um engenhoso plano para pôr ambos atrás das grades para enfim, poder realizar uma grande transação criminosa. Porém, a dupla escapa e inicia uma caçada eletrizante à Perret para provar sua inocência.
Legítimo representante do cinema de ação dos anos oitenta, com seus exageros típicos, roteiro fraquíssimo repleto de clichês (porque sempre tem uma bomba no final? E porque essa bomba sempre tem um sistema de desativação com tempo de sobra para os mocinhos escaparem?), um vilão que tem quatro ou cinco chances de matar os protagonistas, mas prefere fazer joguinhos imbecis, brigas mal coreografadas, frases das mais canastronas possíveis, trilha sonora característica e uma trama que não anda - é empurrada - Tango & Cash sustenta-se até hoje sobre um único aspecto: a diversão que sua impagável dupla em uma das parcerias mais afiadas já vistas em filmes de ação. Tanto Kurt Russell quanto – e principalmente – Sylvester Stallone, já nos deram provas dos bons atores que são. Sly já foi até indicado ao Oscar por Rocky – Um Lutador (Rocky, 1976) e Russell ao Globo de Ouro por Silkwood - O Retrato de Uma Coragem (Silkwood, 1983). Mas o fator determinante para o sucesso de um filme de ação, assim como de seus astros é o carisma. E isso, Tanto Russel e Stallone, quanto Cash e Tango têm de sobra.
Alguns momentos de Tango & Cash são impagáveis, digno de um tipo de humor raro hoje em dia, como Cash vestido de mulher para escapar dos policiais na boate ou fazendo piadas de Steve Wonder dirigindo, ou a cena dos dois protagonistas tomando banho juntos na cadeia e a melhor de todas, quando Tango pensa ter flagrado sua irmã transando com Cash no sofá de sua casa. Hilário!!!! Porém, a lista de erros/absurdo/furos do roteiro é enorme, mas não difícil de ser enumerada. Por que os bandidos que dirigiam o caminhão, logo na primeira cena, pisaram no freio ao invés de simplesmente passar por cima de Tango? Depois que Tango e Cash escapam da cadeia, nenhum policial foi procurá-los na casa da irmã de Tango, mesmo ela sendo a única parente dele? Seria o primeiro lugar na lista de qualquer idiota que procura um fugitivo. Na prisão, Cash trabalha andando pelo pátio livremente, sem nenhum guarda acompanhando-o, nem mesmo quando ele atrasa MEIA HORA! Também não sabemos como Tango chegou até Cash – e rápido – quando este tentava fugir, nem porque Matt, o amigo de Cash que forneceu a planta da cadeia para ele e Tango escaparem, não mencionou a passagem usada pelo “queixudo” no fim da seqüência da cadeia. Aliás, essa passagem pela prisão não acrescenta nada à história, apenas diverte e aumenta significativamente a lista de falhas no roteiro, que já não era pequena. E como na maioria dos filmes de ação, o final de Tango & Cash – Os Vingadores, é ridículo. Como eles provaram sua inocência se eles mataram todos e destruíram tudo o que poderia inocentá-los?
É estranho que até hoje não tenham feito uma seqüência ou um remake de Tango & Cash, pois o potencial do filme é absurdo. Há quem diga que a fita fora lançada na década errada. Eu, por outro lado, penso exatamente o contrário. Somente os anos 80 e seu estilo precário e genial poderiam gerar um subproduto de qualidade tão baixa e torná-lo um clássico do gênero. Considerada por muitos (e eu não me incluo neste grupo) o pior período do cinema, muito por conta do auge dos filmes de ação mequetrefes e por suceder o período mais rico da indústria, a década de 80 destaca-se por trazer os títulos mais divertidos da história de Hollywood. Rambo – Programado Para Matar (First Blood, 1982), Karatê Kid – A Hora Da Verdade (The Karate Kid, 1984), Predador (The Predator, 1987), Os Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China,1986), Os Goonies (The Goonie,1985), A Hora Do Espanto (Fright Night, 1985), Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, 1987), Te Pego Lá Fora (Three O'Clock High,1987), Um Morto Muito Louco (Weekend at Bernie's,1989), Máquina Mortífera (Lethal Weapon,1987), entre outros tantos filmes repetiam incansavelmente semana após semana na TV aberta e NUNCA nos cansávamos (e ainda hoje não nos cansamos) de assisti-los, algo bem raro hoje em dia.
Tango & Cash – Os Vingadores ainda diverte muito - mas muito - mais que a maioria dos filmes de ação lançados nos anos 2000, não envelheceu tão mal e ainda traz dois astros do cinema ainda em boa forma e numa parceria afinadíssima que rende momentos inesquecíveis, além é claro, de muita ação, tiros e explosões. Uma boa pedida para uma tarde de sábado chuvoso.
"Clássico absoluto do Cinema Em Casa do SBT e do cinema de ação oitentista em geral"...
Assitia toda vez que passava, belo texto Cristian!
Muito obrigado, meu velho. Esse é um dos filmes mais divertidos que já vi.
O clímax do filme se dá no meio, é verdade.