Ao terminar de assisti-lo você se sente estranho, vazio, seu coração desacelera, seus olhos tremulam e seu senso de estima cai bruscamente; sua existência se alto pergunta quão terrível deve ser conviver com uma pessoa no vício das drogas. E como elas, são, tristemente, recorríveis.
Darren Aronofsky, o mesmo diretor dos badalados e atuais Cisne Negro (2010) e O Lutador (2008), no começo de uma brilhante carreira, fez um trabalho digno de louvor e reconhecimento, e o nome desse primor era Réquiem Para Um Sonho (2000), um filme que mergulhava no mundo das drogas e de suas consequências de um modo, até presente momento, intenso e moderno.
De fato o elenco não poderia estar mais maravilhoso, as atuações em grande momento de: Marlon Wayans, isso mesmo, da saga Todo Mundo em Pânico, a linda Jennifer Connelly, o impressionante e multi-talento Jared Leto, o vocalista da banda 30 Seconds To Mars, e liderados pela sublime e irreverente Ellen Burstyn, que com imenso talento e desenvoltura, foi injustiçada pelo Óscar. O roteiro é muito complexo e bastante pesado, em termos de ser um filme que, para quem não possui uma certa frieza quanto a cinema, certamente se chocará com tais acontecimentos.
O filme se desenvolve em três estações bastante expressionistas do ano, nas vidas de: Sara Goldfarb (Ellen) e Harry Goldfarb (Jared), a namorada de Harry, Marion Silver (Jennifer) e o amigo de Harry, Tyrone C. Love (Marlon).
A primeira dessas estações é o verão, que gera, pelas cores e aspectos, uma visão de choque e impacto logo ao começo. Sara, uma viúva que vive sozinha em seu apartamento em Brighton Beach, passa o tempo assistindo programas na TV. Após um telefonema, ela foi convidada para ser uma participante de um programa de TV, que era seu favorito, torna-se obcecada em recuperar a aparência física que tinha numa fotografia sua da época gradativa de Harry, seu filho. Para caber na roupa desejada, ela, "inocentemente" ingere drogas para emagrecimento; Harry é um irresponsável viciado em heroína. Junto com seu amigo Tyrone e sua namorada Marion, todos viciados. Eles dois, Tyrone e Harry passam a trabalhar com o narcotráfico em uma tentativa para realizar seus ideais. Com o dinheiro que ganham durante o verão, Harry e Marion sonham em abrir uma loja de roupas para os desenhos, o sonho de Marion, enquanto o sonho de Tyrone é escapar das ruas e deixar sua mãe orgulhosa.
Ao outono, o que era feliz e pouco instável desanda, o império surrealista e belo dos protagonistas começa a ruir em escala rápida. Sexo, morte, e drogas, muitas drogas, tomam conta de um preparatório para um acontecimento provável e infeliz, que certamente toca e comove uma grande quantidade de pensamentos, dos mais centrados aos mais desfocados. Um Show de horrores belo de se ver. Sara, focada num provável sonho não americano, mas mundial, se auto corrompe abusando dos limites de sua própria vida, em busca de sua "perfeição" momentânea.
No inverno, temporada mais fria e morta, o trágico fim é passado.
Lux Aeterna é a música mais suicida já feita, não só para o cinema, mas para todos os outros meios. Clint Mansell impõe uma Trilha Sonora sempre frequente, desde os alegres momentos iniciais, até os cruciais finais. Os cortes de Aronofsky assim como em seu primeiro e anterior filme, Pi utiliza montagens de cenas extremamente curtas durante o filme. Na média, um filme de cem minutos possui entre seiscentos e setecentos cortes, já Réquiem apresenta mais de dois mil.
Muito comentado. Arduamente criticado. Amplamente feito. Precisamente atuado e dirigido, a sensação de um pós-filme desses é como se você acabasse não de ver um filme, mas sim uma grande e poética crítica de vida, e como o título já diz, um réquiem imenso para sonhos nem tão grandes; e uma mensagem clara é posta em xeque: A vida é fácil quanto a se acabar a qualquer momento, por qualquer escolhas e erros que nós mesmos cometemos e escolhemos, apenas uma pessoa pagará pelo que fez... Você mesmo.
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