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Cobertura Cine PE - Dia 4: Emoção e densidade


O quarto dia de Cine PE foi com certeza aquele onde a emoção finalmente falou mais forte na plateia do São Luiz. As três mostras foram agraciadas com momentos emocionantes e alguns desses filmes da seleção tocaram o público por motivos diversos. Esse domingo também foi o dia mais repleto de filmes, num total de 8, divididos entre sete curtas e um longa. Foi um dia com aposta na diversidade quase de maneira radical, contemplando diversos contextos e vertentes narrativas, atirando para muitos lados em busca de agradar múltiplos gostos. Teve biografia, teve comédia romântica, teve ficção, teve experimentalismo, teve discussão sobre gêneros, teve discussão racial forte e latente, teve até animação. E parece que essa salada deu certo e conquistou o público presente, que aplaudiu com entusiasmo o programa.

A mostra de Curtas pernambucanos trouxe Deep Dive de Pedro Arruda e Frequências de Adalberto Oliveira. O primeiro teve inspiração em David Lynch, de acordo com seu autor, mas a mão de Christopher Nolan também é notada ali, na história de um jovem que acorda diversas vezes em fluxos contínuos, e sempre acaba por morrer, de diferentes formas. O segundo foi o momento experimental da noite, onde aqui a mão do citado Lynch aparece mais forte, embora não seja a fonte assumida do diretor. O filme trabalha em ritmo de fluxo de imagens, traçando paralelos entre o crescimento da cidade de Olinda, um grupo de pessoas que vive em diferentes trabalhos também lá e o funcionamento de um farol, que liga todos os pontos.

Na seara da competição nacional de curtas, tudo se intensificou. A animação Insone de Breno Guerreiro e Débora Pinto conquistou o público com sua visão sobre a infância. O documentário Universo Preto Paralelo de Rubens Pássaro explodiu na tela e levantou a plateia com sua ponte da violência do escravagismo para diferentes momentos de repressão social como a ditadura, e que ainda reflete no hoje. Peripatético de Jessica Queiroz também provocou o público com seu olhar sobre a discriminação a periféricos e as formas de fuga de uma realidade tão cruel. Em Lençol de Inverno, o diretor Bruno Rubim leva seu protagonista a reencontrar seu passado na relação conflituosa com sua família. E pra encerrar o bloco de Curtas, Não Falo com Estranhos de Klaus Hastenreiter fez todos se apaixonarem pelo rapaz tão indeciso em como se posicionar diante de uma nova paixão que é bem capaz de perdê-la.

O longa da noite foi Henfil, de Angela Zoé. O filme centra fogo no irmão cartunista de Betinho e Chico Mário, hoje pouco recordado pelas novas gerações. Na verdade um gênio, o filme constrói um olhar sobre a vida e a obra desse contestador que trabalhou no O Pasquim e se transformou em um dos maiores desenhistas do país. Angela promoveu uma espécie de reality com um grupo de desenhistas jovens, com o intuito de transpor a obra de Henfil para o cinema através de uma animação com seus personagens mais famosos. Muita gente emocionada ao final da sessão por conta do desfecho trágico de sua vida e pelo legado gigante que esse artista tão importante deixou para todo o país, e que jamais pode ser esquecido.

No próximo capítulo, o desfecho do diário no dia mais curto do Festival. 

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