“Lawrence da Arábia” é um filme épico. Não só pela sua duração, mas pela complexidade de seu tema. Muito além de retratar o conflito árabe na Primeira Guerra Mundial, “Lawrence da Arábia” tenta desvendar um homem que foi iludido pelas areias do deserto.
Os primeiros minutos do filme mostram a morte de T. E. Lawrence (Peter O’Toole) de uma maneira ordinária, nada heróica comparada ao mito que se formou em torno dele. A partir de então, somos levados a desvendar como foi a vida desta pessoa, principalmente em relação aos fatos gerados na época da Primeira Guerra.
Em um corte de uma chama do fósforo para o sol, embarcamos na jornada de Lawrence. Um homem mandado ao deserto para ser um mero observador, mas cujo carisma e inteligência faz com que se torne um deus perante os outros. Considerando –se superior a maioria das pessoas, Lawrence passa realmente a acreditar que foi destinado à coisas grandes, ludibriado pela ferocidade do deserto e das diferentes tribos árabes, que convivem de modo completamente diferente do que Lawrence foi acostumado na Inglaterra. Fazendo-se crer grandioso, as pessoas a sua volta passam também a crer nisso. Iludido pelo poder, ele chega até mesmo a ter prazer em matar, situação que o deixa assustado com o rumo das coisas.
De acordo com o que vemos ao decorrer do filme, o homem que se mostra tão grande em vários momentos, é, na verdade, um homem pequeno, incapaz de controlar tudo que gostaria. Lawrence não manda no jogo, é somente uma peça. E essa própria consciência de sua pequenez o confunde, sem saber exatamente o que deve fazer de sua vida, e de qual é sua importância no mundo
Assim, o personagem que em vários momentos do filme nos faz pensar ser um herói - pois, afinal, nós também somos enganados pelo deserto - deve seguir em sua vida comum, para ter a sua morte vista no início do filme, também ordinária.
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