“A obra máxima de um diretor”.
Em poucos filmes o diretor e o ator central conseguem surtir as expectativas do roteiro de forma coerente e absorta em sentimento e tempo. Quando os dois (diretor e ator), unem-se de forma complexa e, ao mesmo tempo singela, o produto final, tanto imagem como som, é de gosto incontestável. Aqui temos isso.
Quando ouvimos o nome Roman Polanski nos lembramos imediatamente do ótimo O Bebê de Rosemary, um filme de 1968 e que tem a assinatura de Roman na direção e no roteiro. Todavia, décadas mais tarde, se escutarmos o nome Roman iremos, num surto mínimo de tempo, vê imagens com cenas fortíssimas para corações frágeis; um som deslumbrante, que encanta os sentidos; e o verdadeiro gosto por detalhes naturais. O filme que uni todas essas características chama-se O Pianista, de 2002.
Em O Pianista, Roman incorpora, sem nenhuma fantasia, suas vívidas experiências pessoais da época da segunda guerra mundial. As lembranças macabras dos alemães, tomando posse do seu mundo, de sua terra. São detalhes que ressaltam na tela, é a mais pura realidade. Qual poderia ser o diretor de O Pianista se não Roman?
Roman Polanski nasceu na França, mais viveu boa parte de sua vida na Polônia. Lá, vive uma das mais terríveis épocas da história; com essas memórias, Roman constroi uma incrível obra, recheada de realismo, sentimentalismo e beleza. No pano de fundo, a história desconhecida-conhecida de um pianista polonês que tenta sobreviver á uma guerra que destroi sonhos, esperanças e amores.
A película é de uma extrema singularidade. Uma quase perfeição na técnica que descobre o cinema há cada cena, há cada diálogo; uma construção magnífica na montagem combinada com a fotografia atraente que centraliza o visual na maior parte do tempo na imperfeição de cores do país. A realização superestimada da edição de imagens automaticamente deslocada com o som fazem das sequências o ápice do tempo. Em outras palavras, uma imperfeição belíssima.
O roteiro na verdade é de princípio autobiográfico. Afinal, conta a história real do maior pianista da Polônia, Wladyslaw Szpilman. Na adaptação de Ronald Harwood, o filme faz retomada no gênero ainda mal-feito; consegue suprir as necessidades de Roman, de contrair as cores em cinza-amarelo etc; e foca no máximo a expressão facial das personagens; pelo belo trabalho, adquiri a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado.
Agora, inegavelmente, depois de falar da direção de Roman e da construção de adaptação de roteiro de Ronald, o astro agora merece o devido respeito: Adrien Brody. Brody soube enfatizar no seu personagem a melhor expressão facial dos últimos anos. Soube também recolocar a fala na gesticulação e na sistemática fala falada dos poloneses; um trabalho gigantesco de incorporação. O trabalho primoroso de Adrien rendeu-lhe o Oscar de Melhor Ator. Mais que merecido.
Em outra análise, o filme consegue mais que outros do mesmo seguimento, render muito drama, muita ação e muito romance, e tudo isso de ótima qualidade. Pelos ganhos merecidos de melhor direção, ator e roteiro adaptado (as estatuetas mais concorridas) o filme escapa do ocultismo que outras obras, nem tão bem vistas pelos críticos, conseguem chegar. O Pianista, concordemos, é um á mais na enorme lista de filmes de guerra, aliás, ele é um filme de guerra, mas só que de boa qualidade e que retém a magia e o brilho de medo e horror dos olhos de milhões de expectadores fãs do gênero tão dirigido, roteirizado e produzido; mais infelizmente, na maioria das vezes, mal interpretado.
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